domingo, 19 de junho de 2011

Rio Grande do Norte.


O Rio Grande do Norte é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte a leste, a Paraíba a sul e o Ceará a oeste. Sua área total é de 52 796,791 km², ou 3,41% da área do Nordeste e 0,62% da superfície do Brasil. A população do estado recenseada em 2010 foi de 3 168 133 habitantes, sendo o décimo sexto estado mais populoso do Brasil.

A capital e maior cidade é Natal, sede da Região Metropolitana de Natal (RMN). Outras cidades importantes fora desta região metropolitana são Mossoró, Caicó, Assu, Currais Novos, Santa Cruz, Nova Cruz, Apodi, João Câmara, Touros, Canguaretama, Macau, Pau dos Ferros, Areia Branca, Baraúna, Goianinha, Santo Antônio, São Miguel, Parelhas e Jucurutu, que também são as maiores cidades do interior do estado. Ao todo, o estado tem 167 municípios.

Devido à sua localização geográfica e sua forma, o Rio Grande do Norte é conhecido como esquina do continente. Seu litoral, com uma extensão aproximada de 400 quilômetros, é um dos mais famosos do Brasil. Na economia, destaca-se o setor de serviços. Devido ao seu clima semiárido em parte do litoral norte, o Rio Grande do Norte é responsável pela produção de mais 95% do sal brasileiro.

Sua história se inicia a partir do povoamento do território brasileiro, quando houve uma onda de migrações para os Andes, depois para o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte. Ao longo de sua história, seu território sofreu invasões de povos estrangeiros, sendo os principais os franceses e holandeses. Após ser subordinado pelo governo da Bahia, o Rio Grande do Norte passa a ser subordinado pela Capitania de Pernambuco. Em 1822, quando o Brasil conquistou sua independência do Império Português, o Rio Grande do Norte passaria a se tornar província e, com a queda da monarquia e a consequente proclamação da república, a província se transforma em um estado, tendo como primeiro governador Pedro de Albuquerque Maranhão. O único potiguar que ocupou a presidência da República Brasileira foi Café Filho, que sucedeu a Getúlio Vargas quando este se suicidou. Sua atual governadora é Rosalba Ciarlini, eleita no primeiro turno das eleições estaduais realizadas em 2010.

O estado conta com uma importante tradição cultural, que engloba artesanato, culinária, esporte, folclore, literatura, música e turismo. Alguns dos times se futebol com sede no estado são o ABC, o Alecrim, o América. O Rio Grande do Norte é também sede de diversos eventos anuais, além de possuir diversos pontos turísticos, como o maior cajueiro do mundo (em Parnamirim), o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno e o Centro de Turismo de Natal.

A história do Rio Grande do Norte começa antes da chegada dos europeus ao continente americano. Não existem teorias comprovadas sobre como se deu o povoamento da América; a mais aceita afirma que o continente foi povoado quando povos primitivos vindos da Ásia através do Estreito de Bering atravessaram a América, na época em que o nível das águas dos mares havia baixado (glaciação) por as águas ficarem retidas nas geleiras (icebergs), fazendo surgir uma ponte que ligava a Ásia à América. Segundo alguns historiadores, foi por essa ponte que teriam passado os povos primitivos da América, há cerca de doze mil anos atrás.[5]


Algum tempo depois, há 11 300 ou 9 000 anos atrás, estava começando o povoamento do território brasileiro. Os povos primitivos do Brasil teriam migrado para os Andes, depois o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte.[6] Inicialmente, o território potiguar era habitado por animais da megafauna. Algum tempo depois, o Rio Grande do Norte começa a ser povoado por caçadores e coletores primitivos. Alguns desses povos primitivos deixaram vestígios que se encontram atualmente nos sítios de Angicos e Matumba II. [7] Em alguns sítios arqueológicos, os habitantes primitivos deixaram rochas e vestígios de arte rupestre nas paredes das cavernas, desde inscrições até pinturas.[8] O significado desses vestígios ainda é discutido. O mais aceito afirma que as inscrições e desenhos não seriam manifestação artísticas, feitas para deleite espeiritual ou para representar o bela, mas sim instrumento de comunicação, que pretendia transmitir uma mensagem usando uma espécie de escrita muito diferente da atual. Segundo essas teorias, as grande dificuldades enfrentadas pelo homens para sobreviver não lhes proporcionava condições para praticar atividades viradas para o embevecimento espiritual.

Na época próxima à descoberta do Brasil, o litoral potiguar era habitado por povos originários do território que corresponde ao atual Paraná e ao Paraguai. Esses povos falavam a língua abanheenga, língua aglutinada e com reflexões verbais. No interior, residiam os tapuias, povos indígenas que andavam totalmente nus, sem nenhuma cobertura, sem barbas e que depilavam todos os pelos existentes em seus corpos. As mulheres dessa tribo eram mais baixas que os homens e eram submissas aos seus maridos. As principais áreas habitadas por esses povos correspondem hoje às regiões do Seridó, Chapada do Apodi e zona serrana do Rio Grande do Norte.[9]

No final do século XV, a Europa sentia a necessidade de expandir seu comércio a outras partes do mundo. O comércio das especiarias, desenvolvido do Mar Mediterrâneo, era monopolizado por cidades da Itália, o que prejudicava o comércio nos demais países europeus, pois os produtos eram vendidos a preços muito altos. O primeiro país a usar uma rota marítima para o Oriente foi Portugal, em parte devido à sua localização geográfica no sudoeste europeu, um processo iniciado em 1415 com a conquista de Ceuta. Pelo fato de ninguém ter garantido o retorno das viagens à Europa, navegar nos mares e oceanos era uma aventura muito perigosa.[10] No final do século XV, Cristóvão Colombo pisa em território americano (1492).[11] Em 1494, é assinado o Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, no qual se determina que o mundo passaria a ser dominado por esses dois países.[12] Em 9 de março de 1500, uma esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral sai de Portugal e inicia uma viagem em direção às Índias. Em 22 de abril do mesmo ano, a esquadra avista um monte, batizado por eles de "Monte Pascoal", e chega do Brasil. Quatro dias depois, é celebrada a primeira missa. Nove dias depois, a frota de navios sairia em direção ao Oriente.[12] Estava assim oficialmente descoberto o Brasil, um acontecimento narrado em uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha.[13]

Pesquisadores potiguares afirmam que a expedição de Pedro Álvares Cabral teria atingido pela primeira vez a praia de Touros, em 1500.[14]

A descoberta do Brasil ainda gera controvérsias. Para alguns historiadores, os espanhóis teriam chegado ao Brasil antes dos portugueses, afirmando que o território brasileiro foi descoberto pelo navegador Duarte Pacheco Pereira em 1498, quase dois anos antes da chegada de Álvares Cabral no Brasil.[15]

Em 1535, a então Capitania do Rio Grande foi doada pelo Rei João III de Portugal a João de Barros. A colonização resultou em um fracasso e dá-se a invasão dos franceses, começando o contrabando do pau-brasil. Os franceses dominaram a área até 1598. Nesse ano, os portugueses, liderados por Jerônimo de Albuquerque e Manuel de Mascarenhas Homem, com objetivo de garantir a posse das terras, constroem a Fortaleza dos Reis Magos.[16][17]

Após a expulsão dos franceses e a construção da fortaleza, faltava fundar uma cidade (Natal). Devido à destruição de documentos pelos holandeses, a história de fundação da capital potiguar foi perdida. O esforço dos historiadores potiguares para reconstituir esse acontecimento tem gerado controvérsias ao longo dos tempos.[18] Não se sabe ao certo quem fundou Natal. Uma das versões afirma que Natal foi fundada após Manuel Mascarenhas Homem ter designado Jerônimo de Albuquerque como comandante da fortaleza, que depois seguiria para a Bahia para prestar contas da missão desempenhada. Avanços de pesquisas já comprovaram que Mascarenhas não designou Jerônimo para poder exercer a função de capitão-mor do Rio Grande e que ele não se encontrava presente na data da fundação da cidade e, portanto, não pode ser considerado como fundador de Natal.[19] Porém, sabe-se que Natal foi fundada em 25 de dezembro de 1599. Outra hipótese afirma que Natal foi fundada por João Rodrigues Colaço, e depois da fundação teria sido celebrada uma missa no local que corresponde à atual Praça André de Albuquerque.[20]

A invasão holandesa no Brasil começa no começo do século XVII. Foi na Bahia que ocorreu a primeira tentativa de implantar uma colônia no Brasil pelos holandeses. Estes conheciam o Brasil e mantinham relações amistosas com os portugueses durante os reinados de João III, D. Sebastião e do cardeal D. Henrique. A situação mudou em 1580, quando Portugal passou a ter reis espanhóis e foram confiscados os navios flamengos próximos aos portos europeus, africanos, asiáticos e americanos sob domínio português e espanhol. Em 1625, a Bahia capitulou aos holandeses, quando Salvador, capital do Brasil Colônia na época, foi surpreendida por uma armada que chegou àquele local em 22 de março. Cerca de quarenta dias depois (1º de maio), Salvador foi libertada, mas os holandeses não desistiram do sonho de se apossarem do Brasil.[21] A invasão dos holandeses no Rio Grande do Norte ocorreu finalmente por volta de 1633/1634. Natal passou a ser chamada de Nova Amsterdã. Foi justamente nesta época que os documentos sobre a fundação de Natal foram destruídos, por isso há dúvidas sobre a fundação da cidade. Essas invasões preocupavam Portugal naquele momento. Devido à localização geográfica do Rio Grande do Norte, no ponto mais estratégico da costa brasileira, o rei retomou a posse da Capitania do Rio Grande, ordenando a construção de um forte com o objetivo de expulsar os holandeses, fato que ocorreu em 1654.[16]

Após ser dirigido pelo governo baiano, o Rio Grande do Norte passou a ser dirigido por Pernambuco, em 1701.[16]

Desde 1598, o Poder Executivo era exercido por um capitão-mor. No período da invasão holandesa, esse sistema havia sido extinto, sendo repromovido após a expulsão dos holandeses. O capitão-mor era um chefe nomeado por meio de um documento chamado Carta-Patente. Com exceção de João Rodrigues Colaço, que havia sido nomeado pelo governador geral do Brasil na época e confirmado posteriormente no cargo por um Alvará Régio, todos os demais capitães-mor foram nomeados por meio desta carta. Ao longo de sua história o cargo recebeu várias denominações, como Capitão-Mor do Rio Grande (1739) e Capitão-Mor do Rio Grande do Norte, para diferenciar de outra capitania localizada no extremo sul da colônia. Existia, além do cargo executivo, o cargo de provedor de fazenda, responsável por receber os impostos. A partir de 1770, devido à morte e a algum motivo que o impedia de exercer a função, o capitão-mor foi substituído por uma junta. Na época, a capitania era formada por apenas um município: Natal. Outros foram surgindo depois, como São José do Mipibu e Vila Flor.[22] Já o poder judiciário tinha o ouvidor como representante máximo, antes nomeado pelos donatários das capitanias e depois, pelo próprio rei.[23]

A partir de 1817, a Capitania do Rio Grande do Norte aderiu à Revolução Pernambucana, onde uma junta do Governo Provisório se instalou em Natal. A rebelião fracassou e em 1822 o Brasil finalmente conquistaria a independência do domínio português que durava há três séculos. O Rio Grande do Norte passaria a see uma província do Império do Brasil naquele ano.[24]

Em 1824, ocorre a Confederação do Equador, dominada por tropas imperiais. Em 1° de dezembro daquele ano, era jurada a Constituição outorgada de 1824. Algum tempo depois, as atuais regiões Nordeste e Norte do Brasil estavam com a ordem imperial restabelecida.[25]

Alguns anos após o reinado de D. Pedro II, a monarquia brasileira passava por uma crise. A partir daí, começaram a surgir lutas pelo Brasil visando a instalação de uma república (campanha republicana). No Rio Grande do Norte, esse movimento era representado pelos partidos Liberal e Conservador, embora não houvesse unidade ideológica entre os dois. As divergências internas eram muito acentuadas, o que facilitaria o desenvolvimento da campanha pela substituição do regime monárquico no Brasil. Quem faria a contrapropaganda pelo Partido Conservador era o jornal "A Gazeta de Natal", enquanto que o "Correio de Natal" faria essa contrapropaganda para os liberais.[26] Finalmente, em 15 de novembro de 1889, é proclamada a república e o Rio Grande do Norte deixa de ser província e se transforma em estado. Dois dias depois, em 17 de novembro, Pedro de Albuquerque Maranhão toma posse como primeiro governador do estado.[16]

Durante um período da história brasileira conhecido como "República Velha", o Rio Grande do Norte, assim como nos outros estados do Brasil, foi dominado por oligarquias.[27]

Naquela época, tanto a economia do Brasil quanto a economia do estado tinham um setor industrial insignificante. No contexto regional, o Rio Grande do Norte só possuia mais indústrias do que o Piauí e o Maranhão. Nesse setor, a indústria têxtil e alimentícia eram as mais predominantes. Já em relação ao sistema de finanças, foi apenas em 1909 que apareceu o primeiro sistema bancário, localizado na capital. A primeira agência do Banco do Brasil no estado só foi inaugurada em 14 de abril de 1917. Naquela época, quase toda a região do nordeste já possuía agências. Foi Juvenal Lamartine o personagem que deu as primeiras iniciativas a esse setor. Um exemplo ocorreu na criação de bancos rurais em alguns municípios do interior potiguar. Para facilitar o crédito, foram Ulisses de Góis e Jovino dos Anjos os responsáveis pelo aparecimento de cooperativas.[28]

Devido à localização estratégica do estado, foi em Natal que se reuniram dois presidentes: o do Brasil, Getúlio Vargas, e o dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt. A partir daí, norte-americanos começaram a ocupar o território, culminando com a mudança de hábitos daquele município.[29] Essa presença também culminou com benefícios para o Rio Grande do Norte e estados do centro-sul do Brasil. Isso culminou com a instalação da primeira indústria brasileira, que ocorreu em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro.[16]

Em 1945, Vargas se retira do poder e inicia-se a instalação de um período democrático no país. Em 1951, ele volta ao poder até que, em 24 de agosto de 1954, Getúlio comete suicídio, assumindo Café Filho, primeiro e único potiguar a ocupar a presidência.[30] A partir da década de 1970, com a descoberta do petróleo, a economia do estado começou a crescer. Hoje, é o segundo maior produtor de petróleo em terra do país. O turismo é um dos setores que mais crescem no estado. Governos recentes têm feito importantes mudanças no estado. Um exemplo ocorreu no governo de Garibaldi Alves, que elevou a irrigação como uma das metas prioritárias.[31]

Atualmente, o Rio Grande do Norte se divide em 167 municípios, tendo Natal como capital. A atual governadora é Rosalba Ciarlini, que exerce o cargo desde o 1° de janeiro de 2011.

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