sábado, 18 de junho de 2011

Pernambuco.


Pernambuco é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado no centro-leste da região Nordeste e tem como limites os estados da Paraíba (N), do Ceará (NO), de Alagoas (SE), da Bahia (S) e do Piauí (O), além de ser banhado pelo oceano Atlântico (L). Ocupa uma área de 98 311 km² (pouco menor que a Coreia do Sul). Também faz parte do seu território o arquipélago de Fernando de Noronha. Sua capital é a cidade do Recife e a sede administrativa é o Palácio do Campo das Princesas. O atual governador é Eduardo Campos (PSB).

Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil, com mais de 8,8 milhões de habitantes, que equivalem a aproximadamente 4,6% da população total do país. Desse contingente, no ano de 2008, mais da metade (55,2%) se declaravam pardos, seguidos por brancos (37,9%), negros (6,3%) e indígenas (0,6%), conferindo ao estado a maior população branca e a quarta maior população negra entre as unidades federativas da Região Nordeste. A capital, Recife, é o município mais populoso do estado e sua Região Metropolitana é o maior aglomerado urbano do Nordeste Brasileiro. Recife é o principal centro industrial, comercial, cultural e universitário de Pernambuco, e foi eleita por pesquisa encomendada pela MasterCard Worldwide como uma das 65 cidades com economia mais desenvolvida dos mercados emergentes no mundo, tendo recebido a quarta posição, após São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília e à frente de Curitiba. A capital pernambucana exerce forte influência regional, que se estende pelos estados vizinhos.Na Região Metropolitana do Recife (RMR), se encontram Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista, respectivamente segundo, terceiro e quarto municípios mais populosos do estado.Outros municípios importantes são Vitória de Santo Antão e Goiana, na Zona da Mata; Caruaru e Garanhuns, no Agreste; Petrolina, na Região do São Francisco; e Serra Talhada, Salgueiro, Arcoverde e Araripina, no Sertão.

Uma das primeiras regiões do Brasil a ser ocupada pelos portugueses, Pernambuco foi também um dos mais importantes núcleos econômicos nos primórdios do período colonial, tornando-se alvo dos interesses de outras nações, como a Holanda, que deteve o domínio da região entre 1630 e 1654.O estado teve ativa participação em diversos episódios da história brasileira, servindo de berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolta Praieira, mas perdeu peso político e econômico a partir do século XVIII, com o deslocamento do polo econômico para o sudeste do Brasil.Em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se o primeiro pernambucano a assumir a Presidência da República.

Pernambuco é o décimo estado mais rico do Brasil e possui o segundo maior PIB da região Nordeste. O estado foi marcado por uma lenta progressão econômica durante a maior parte do século XX, e esse pequeno crescimento econômico não foi suficiente para absorver a mão-de-obra egressa do campo, o que gerou grande fluxo migratório para outras regiões do país. Nos últimos trinta anos, todavia, o estado assiste a uma importante mudança em seu perfil econômico, tornando-se menos dependente do setor agrícola. Além da importância crescente do setor terciário, sobretudo das atividades turísticas, o setor industrial possui grande peso regional. A Região Metropolitana do Recife se destaca como um dos principais polos industriais do Nordeste, ao lado de Salvador.Mais recentemente, grandes investimentos nos setores petroquímico, biotecnológico, farmacêutico e automotivo deram novo impulso à economia do estado, que vem crescendo acima da média nacional.O PIB pernambucano se expandiu 15,78% em 2010, mais que o dobro da média nacional do mesmo ano, que ficou em 7,5%.Destacam-se neste contexto o Complexo Industrial Portuário de Suape que, segundo algumas estimativas, teria o potencial de triplicar o PIB de Pernambuco até 2030; e o Porto Digital, um polo de desenvolvimento de softwares criado em julho de 2000, reconhecido como o maior parque tecnológico do Brasil em faturamento e número de empresas.

Conhecido por sua ativa e rica cultura popular, Pernambuco é berço de várias manifestações tradicionais, como o frevo, o maracatu e os pastoris, bem como detentor de um vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período colonial.O estado também deu origem a grandes romancistas e poetas brasileiros, como Manuel Bandeira e João Cabral de Melo Neto, e participou do movimento de renovação e internacionalização das artes visuais brasileiras, com Cícero Dias e Vicente do Rego Monteiro. Na década de 1990, surgiu em Pernambuco o mangue beat, amálgama do rock, do pop, do rap e do funk com os ritmos locais.

A riqueza cultural pernambucana contrasta com seu nível de desenvolvimento social, superior ao dos países menos avançados mas ainda abaixo da média brasileira. Embora tenha logrado notáveis avanços nas últimas décadas, reduzindo por exemplo a mortalidade infantil em quase 50% entre 1990 e 2005 e a taxa de analfabetismo (para 17,6% em 2009), número considerável dos habitantes do estado ainda vive abaixo da linha da pobreza (16,1% da população com renda familiar inferior a R$ 70,00 per capita por mês em 2010)e seu sistema de saúde pública ainda é precário.Os baixos indicadores são mais presentes nas áreas rurais e em algumas partes do sertão do estado. Não obstante, Pernambuco apresenta a terceira melhor qualidade de vida do Norte-Nordeste segundo a FIRJAN.

O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais antigos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação superior a 40 000 anos antes do presente.[24] Na região que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identificados vestígios seguros de ocupação humana superiores a 11 000 anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta uma importante necrópole pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom estado de conservação.

Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6 000 anos.No Agreste pernambucano, conservam-se pinturas rupestres com data aproximada de 2 000 anos antes do presente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos.Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral pernambucano os Tabajaras e os Caetés, já desaparecidos. Nos brejos interioranos do estado ainda é possível encontrar grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta).

Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos portugueses ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à América portuguesa, é explorado pela expedição de Gaspar de Lemos, que teria criado feitorias ao longo da costa da colônia, incluindo, possivelmente na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a Cristóvão Jacques. O povoamento efetivo de Pernambuco, entretanto, inicia-se em 1534, quando a colônia portuguesa é dividida em capitanias hereditárias. O território do atual estado de Pernambuco equivale à quase totalidade da capitania de Pernambuco, doada a Duarte Coelho, e parte da capitania de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa. Estendia-se por 60 léguas entre o rio Igaraçu e o rio São Francisco

Em 1535, Duarte Coelho tomou posse da capitania, a princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco tempo depois recebeu a denominação que mantém até hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda, estabelecidos em 1535, junto com chegada do donatário, foram elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital administrativa e seu porto, habitado por pescadores, daria origem à cidade de Recife. As vilas de Igarassu e Olinda, entre os primeiros núcleos de povoamento do Brasil, serviram de ponto de partida de expedições desbravadoras do interior da capitania. Uma dessas expedições, chefiada pelo filho do donatário, Jorge de Albuquerque, penetrou o sertão até o rio São Francisco, assegurando o domínio e expansão do interior do território e combatendo os índios hostis. Duarte Coelho, por sua vez, tratou de instalar em Pernambuco os primeiros engenhos de açúcar da colônia, incentivando também o plantio do algodão.

Em pouco tempo, a capitania de Pernambuco se tornou a principal produtora de açúcar da colônia portuguesa. Consequentemente, era também a mais próspera e influente das capitanias hereditárias. Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade açucareira dos grandes latifundiários da cana-de-açúcar, que perdurará de forma majoritária nos dois séculos seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo do algodão e os grandes investimentos feitos pelo donatário na fundação de vilas e na pacificação dos índios são outros fatores que ajudam a explicar o progresso da capitania. Tal prosperidade, entretanto, transformou a capitania em um ponto cobiçado por piratas europeus. Já em 1595, o corsário inglês James Lancaster tomou de assalto o porto de Recife e passou a saquear as riquezas transportadas do interior. Partiu um mês depois, levando as pilhagens em quinze embarcações.

Em 1630, a capitania foi invadida pela Companhia das Índias Ocidentais. Por ocasião da União Ibérica (1580 a 1640) a então chamada República Holandesa, antes dominados pela Espanha tendo depois conseguido sua independência através da força, veem em Pernambuco a oportunidade para impor um duro golpe na Espanha, ao mesmo tempo em que tirariam o prejuízo do fracasso na Bahia. Em 26 de dezembro de 1629 partia de São Vicente, Cabo Verde, uma esquadra com 66 embarcações e 7.280 homens em direção a Pernambuco. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistam a capitania de Pernambuco em fevereiro de 1630 e estabelecem a colônia Nova Holanda. A frágil resistência portuguesa na passagem do Rio Doce, invadiu sem grandes contratempos Olinda e derrotou a pequena, porém aguerrida, guarnição do forte (que depois passaria a ser chamado de Brum), porta de entrada para o Recife através do istmo que ligava as duas cidades.

O governo de Maurício de Nassau ajudou a desenvolver a cidade (Mauritsstad, ou Mauriceia) - até então com poucos habitantes portugueses - com diversas obras de infra-estrutura, benefícios fiscais e empréstimos. Neste período, Recife foi considerada a mais próspera e urbanizada cidade das Américas e com a maior comunidade judaica de todo o continente, sendo construída nessa época a primeira sinagoga da América.[31] A primeira ponte da América Latina também foi construída na gestão de Nassau, em 1643.

Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana. Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. Foi nesta ocasião que se diz ter nascido o Exército brasileiro.

Após a expulsão holandesa, o estado passou a declinar junto com restante do Nordeste, devido à transferência do centro político-econômico para o Sudeste, o que resultou em conflitos como a Revolução Pernambucana e a Confederação do Equador, movimento separatista pernambucano. A qualidade do açúcar refinado holandês, agora produzido nas Antilhas, superior ao mascavo brasileiro, também ajudou a acelerar a decadência do estado, que era baseado nos latifúndios de cultivo de cana-de-açúcar. Buscando novos meios de renda, aumenta o comércio no estado gradativamente. Este efeito foi estopim de revoltas como a Guerra dos Mascates.

Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos insurretos se deu no Monte das Tabocas, (hoje localizada no município de Vitória de Santo Antão) onde 1200 insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1900 holandeses bem armados e bem treinados.

O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre das Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotado pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram novamente para as casas-forte em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos.

Por fim, Olinda foi recuperada pelos rebeldes. Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro.

Devido a Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a República Holandesa exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal cede à exigência dos holandeses que Portugal pague 4 milhões cruzados para República Holandesa entre um periodo de 16 anos. Porém, em 6 de agosto de 1661 a República Holandesa cede formalmente o Nordeste brasileiro à Portugal através da Paz de Haia.

Em meados do século XIX, a Província de Pernambuco era uma das mais importantes do Império, mantendo a primazia em relação às vizinhas províncias do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Todavia, a economia da província é afetada pela decadência do açúcar e do algodão. A estrutura agrária herdada do período colonial se mantém baseada no latifúndio e um pequeno número de famílias proprietárias controlava a maior parte das terras. Nabuco de Araújo afirmava: "Enumerai os engenhos da província e vos damos fiança de que um terço deles pertencem aos Cavalcanti.

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