sábado, 11 de junho de 2011

Os jesuítas.


Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549, na expedição de Tomé de Souza, tendo como Superior o Pe.Manuel da Nobréga. Desembarcam na Bahia, onde ajudaram na fundação da cidade de Salvador. Atendiam aos portugueses também fora da Bahia, percorrendo as Capitanias próximas. Com o 2º Governador Geral Duarte da Costa (1553), chega o jovem José de Anchieta. Em 1554, no dia da conversão de São Paulo, funda em Piratininga um Colégio, o qual sustentaria durante dez anos. Aprendeu logo a língua dos índios, da qual escreveu a primeira gramática, dicionário e doutrina. O Governador Geral Mem de Sá, em 1560 e 1567 expulsa os franceses do Rio de Janeiro e com seu sobrinho Estácio de Sá funda definitivamente a cidade. Em todas essas empresas estavam presentes os jesuítas. Episódio heróico é o desterro de Iperuí (atual Ubatuba) em que Nóbrega e Anchieta são feitos reféns de paz dos índios Tamoios. Nesta ocasião Anchieta escreveu seu célebre Poema à Virgem Maria. Até o fim do séc. XVI, os jesuítas firmam sua ação através dos seus três maiores colégios: Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco. Nesse tempo deram seu sangue por Cristo o Irmão João de Souza e o escolástico Pedro Correia (1554), mortos pelos carijós em Cananéia; o Beato Inácio de Azevedo e 39 companheiros, Mártires do Brasil, foram afogados no mar pelos calvinistas perto das ilhas Canárias (1570). Outros 12 missionários jesuítas que vinham para o Brasil sofreram o mesmo martírio um ano depois (1571). No princípio do séc. XVII os jesuítas chegam ao Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e daí para toda a Amazônia. As duas casas, fundadas em São Luís (1622) e em Belém (1626), transformaram-se com o tempo em grandes colégios e em centros de expansão missionária para inúmeras aldeias indígenas espalhadas pelo Amazonas. Antônio Vieira, apesar de seus triunfos oratórios e políticos, em defesa da liberdade dos indígenas, foi expulso pelos colonos do Pará, acusado e preso pela Inquisição. Em 1638, Pernambuco é tomada por holandeses protestantes, liderados pelo conde Maurício de Nassau. A resistência se organiza numa aldeia jesuítica. Dos 33 jesuítas de Pernambuco, mais de 20 foram capturados, maltratados e levados para a Holanda; cerca de 10 faleceram em conseqüência dessa guerra. No séc. XVII, quando da descoberta das minas e do povoamento do sertão, os jesuítas passavam periodicamente por esses locais em missão volante. Quando Mariana (MG) foi elevada a diocese (1750), foram chamados para dirigir e ensinar no seminário. Em 1749 já estavam em Goiás, fundando aldeias. No séc. XVIII, Paranaguá tornou-se centro de atividades sacerdotais e pedagógicas, através de uma residência (1708) e do Colégio em 1755. Na ilha de Santa Catarina, visitada pelos jesuítas já desde 1635, se fundou a residência dos jesuítas (1749) e um colégio (1751). Em 1635, os missionários chegaram à aldeia de Caibi, próximo à atual Porto Alegre. Quando voltaram em 1720, já então se tratava do tratado de permuta entre a Colônia do Sacramento e os territórios das missões jesuíticas espanholas sediadas no Rio Grande. Os jesuítas trabalharam na Colônia do Sacramento desde 1678 até 1758, quando foram expulsos. Chegaram a ter uma residência de ministérios apostólicos e um próspero colégio por vários anos.

Supressão da Companhia de Jesus No Brasil (1760-1843)

Aparece nesta altura da história dos jesuítas o Marquês de Pombal. Ab-roga todo o poder temporal exercido pelos missionários nas aldeias indígenas. Para esconder os fracassos da execução do Tratado de Limites da Colônia do Sacramento, culpou os jesuítas desencadeando contra eles uma propaganda terrível. No grande terremoto de Lisboa (1755), os jesuítas foram censurados por pregarem a penitência ao povo e ao governo. Por ocasião do atentado (1757) contra D. José I, rei de Portugal, os jesuítas foram acusados de alta traição. Em fim, o velho e santo missionário do Nordeste brasileiro, o Pe. Gabriel Malagrida, foi condenado publicamente pela Inquisição como herege, e queimado vivo em praça pública de Lisboa. Preparado o terreno, veio a lei de expulsão dos jesuítas dos domínios de Portugal. Foram postos incomunicáveis, condenados e privados de todo o direito de defesa. Do Pará e de outros portos, foram embarcados e encarcerados em Lisboa. Naquele momento havia no Brasil 670 jesuítas. De Portugal alguns foram transladados para os Estados Pontifícios, onde o Papa Clemente XIII os recebeu com afeto e hospedou em antigas casas romanas. Com a morte de D. José I em 1777 e a subida ao poder de Dona Maria I, o Marquês de Pombal foi processado e condenado. Só escapou à prisão e à morte por respeito à sua idade e achaques.

Restauração da Companhia e Nova Vitalidade no Brasil (1843- )

O Papa Pio VII restaurou a Companhia de Jesus em 1814. Alguma influência exerceu no ânimo do Papa a amizade de um jesuíta brasileiro, o Pe. José de Campos Lara, que profetizara sua eleição papal. Em 1842 os jesuítas espanhóis que trabalhavam na Argentina, começaram a ter dificuldades com o ditador Rosas. Em 1845, expulsos da Argentina, abriram um colégio em Florianópolis, que prosperou rapidamente. Em 1847 abriram uma escola de latim em Porto Alegre. Em 1849 constituíram residência entre os índios Bugres, Coroados e Botocudos. Em 1858 começaram a chegar jesuítas alemães em S. Leopoldo e outras vilas do interior gaúcho. Também vieram alguns padres jesuítas italianos. Em 1862 chega outro grupo de padres italianos e alemães. Em 1865 funda-se de novo o colégio de Florianópolis, que, por diversas circunstâncias, não vingou. Os religiosos se retiraram, pouco a pouco, para Nova Trento, terra habitada por colonos italianos. Em 1867 funda-se o Colégio S. Francisco Xavier do Recife, fechado em 1873 por causa das perseguições da Maçonaria, pois os jesuítas apoiavam o bispo D. Vital, nas questões religiosas de então. Neste ínterim, o Pe. Razzini, considerado o restaurador da Companhia de Jesus no Brasil, vencendo todas as oposições, começa o Colégio S. Luiz, na cidade de Itú, onde se fixara o Pe. Campos Lara. A partir daí surgiram o colégio Anchieta (Nova Friburgo/RJ) e o Santo Inácio do Rio de Janeiro. Mais tarde a missão dos japoneses com seu Colégio S. Francisco Xavier e a dos russos e lituanos em S. Paulo. Desde 1894 fundara-se o Noviciado de Campanha em Minas. Ocupando o grande prédio do Colégio Anchieta, fundava-se ao mesmo tempo a Faculdade de Filosofia, mais tarde transferida para S. Paulo, Rio de Janeiro e ultimamente em Belo Horizonte (1981). Com a Missão Alemã no sul do Brasil surgiram diversos Colégios: Anchieta (1890) em Porto Alegre; Ginásio Gonzaga (1895) de Pelotas; Sagrado Coração de Jesus na cidade do Rio Grande. O Ginásio Catarinense (1906), tornou-se centro de ensino e cultura científica. Mais tarde ainda vieram os Colégios Medianeira em Curitiba, Santo Inácio em Salvador do Sul e o Ginásio de Itapiranga. Novas gerações de jesuítas são formadas na casa de formação de Pareci Novo e no Colégio Cristo Rei (S. Leopoldo), onde brilhou a santidade do Pe. João B. Réus. Merece especial atenção o apostolado social através de cooperativas, fundadas por toda parte, entre os colonos alemães. Em 1911 os jesuítas portugueses voltam ao território norte do Brasil, formando assim a Missão Portuguesa. Fundaram logo o Colégio Antônio Vieira (1911) em Salvador e o Instituto S. Luiz de Caiteté; o Colégio Nóbrega (1917) no Recife, que preparou a atual Universidade Católica de Pernambuco. Ao mesmo tempo fundavam-se Residências importantes em Belém do Pará e S. Luís do Maranhão. Para a formação de novos jesuítas construíram-se a Escola Apostólica e o Noviciado de Baturité no Ceará. Mais tarde fundou-se o Colégio Santo Inácio de Fortaleza. Salientemos ainda a tarefa da formação do Clero. Desde a fundação do Colégio Pio-Brasileiro em Roma (1934) para a formação de sacerdotes, os jesuítas do Brasil fornecem seus dirigentes, muitos professores e auxiliares. Neste século, fundaram-se Casas de Exercícios Espirituais, como a do Padre Anchieta no Rio; Vila Fátima, perto de Belo Horizonte; Vila Manresa (Porto Alegre); Morro das Pedras, perto de Florianópolis; S. José (Olinda); a de Baturité, no Ceará; a de Mar Grande na Bahia. Outras, são adaptações de antigas casas, como o Centro de Espiritualidade de Itaicí (SP) e o Centro de Espiritualidade Cristo Rei, em S. Leopoldo. Dois movimentos religiosos foram especialmente promovidos pelos jesuítas do Brasil: o Apostolado da Oração e a Congregação Mariana. Quanto à obra das missões indígenas, uma das primeiras preocupações foi restaurar as missões do Rio Grande do Sul (1848-52). Outra tentativa foi feita em Goiás com os índios Apinagés (1888-91) e no Mato Grosso (1923). Mas a empresa que vingou foi a Missão de Diamantino em Mato Grosso (1927), hoje Diocese. Trabalharam aí cerca de quarenta missionários, que conseguiram a pacificação paulatina de várias tribos. Distinguiu-se o Pe. João Bosco Penido Burnier, que sofreu o martírio em 1976. Outra missão, hoje também Diocese, foi a de Ponta de Pedras na ilha de Marajó, confiada aos jesuítas da Bahia. Os jesuítas se destacam também no apostolado intelectual, principalmente no ensino universitário. Diversas Universidades do país são dirigidas pelos jesuítas: a PUC (RJ), a UNISINOS (S. Leopoldo) e a UNICAP (Recife). Alguns jesuítas trabalham também em Universidades do Governo e em algumas Faculdades próprias ou de outras entidades. As três antigas Missões (Alemã, Italiana e Portuguesa) passaram a ser Vice-Províncias e posteriormente Províncias. Em 1952 os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás constituíram a Vice-Província Goiano-Mineira, confiada à Província espanhola de León. A Vice-Província do Norte tornou-se a Província do Nordeste, cedendo os estados da Bahia, Piauí, Maranhão, Pará, Amazonas à Província da Bahia, constituída em grande parte por jesuítas italianos da Província de Veneza. Por seu lado, a Província do Nordeste foi ajudada por jesuítas do Canadá francês. Em 1973, tornaram-se a reunir as duas Províncias Central e Vice-Província Goiano-Mineira, formando a Província Centro-Leste. A Missão de Diamantino, fundada pela Província Central foi atribuída à Província do Sul. Em 1995 foi criado o Distrito Missionário da Amazônia, desmembrando da Província da Bahia os estados do Amazonas, Pará, Roraima, Amapá e Acre. Em 1999 foi criada a Região do Mato Grosso, desmembrando da Província do Sul os estados do Mato Grosso e Rondônia. Atualmente os jesuítas no Brasil estão distribuídos em 4 Províncias, uma Região e um Distrito.

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