segunda-feira, 18 de julho de 2011
Mosteiro de São Bento de Olinda - PE
A fundação do Mosteiro de São Bento e sua Igreja anexa remontam aos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil. A Ordem de São Bento veio para o Pernambuco após convite do terceiro donatário da capitania, Jorge de Albuquerque Coelho, para que se estabelecessem na colônia, oferecendo-lhes diversos benefícios e vantagens.
Chegando ao Estado de Pernambuco, em 1586, residiram primeiramente na pequena Igreja de São João Batista, transferindo-se depois para a pequena ermida de Nossa Senhora do Monte, uma das mais antigas Igreja do Brasil, esta foi doada pelo então Bispo do Brasil, Dom Antonio Barreiros. Em 27 de outubro de 1597 os monges adquiriram um terreno que se chamava à época de Olaria, junto ao Varadouro da Galeota, que pertencia a Gaspar Figueyra e Maria Pinta, mais tarde aumentado com a compra de mais três lotes vizinhos, e iniciaram a construção de um mosteiro.
O mosteiro ficou pronto já em 1599, mas logo foi destruído quando em 1632 um incêndio consumiu grande parte da cidade, deflagrado em virtude da invasão holandesa. Do fogo escaparam apenas os arquivos, e o local foi em breve reconstruído, voltando ao funcionamento em 1640 e sendo subseqüentemente ampliado. Nos diversos espaços internos do mosteiro podem ser apreciadas muitas peças de alto valor artístico, como sanefas de talha dourada, gradis de jacarandá, pinturas de episódios da vida de São Bento e retratos de velhos abades e mestres da Ordem Beneditina no país, além de rico mobiliário.
No claustro estão sepultados vários monges da abadia. Com o tempo a Ordem em Olinda se firmou e enriqueceu, contando em 1850 com 16 casas de sobrado, 24 casas térreas, outros prédios rústicos, uma fazenda, um engenho de açúcar em Mussurepe, um sítio de lenha em Beberibe, além de 254 escravos. O Mosteiro de São Bento sobrevive atualmente do seu patrimônio e das doações feitas às capelas de Nossa Senhora do Monte de Olinda e de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes.
A construção da Igreja de São Bento foi iniciada mais ou menos em 1680, após o incêndio do antigo complexo pelos holandeses, e foi terminada em 1761, segundo inscrição no óculo. Sua fachada, com desenho do mestre-pedreiro Francisco Nunes Soares, apresenta um frontispício sóbrio, com portas entalhadas em almofadas, moldura de pedra com arcos abatidos, sendo que a central é encimada por um óculo emoldurado, ladeado por janelões com gradil de ferro. No frontão com volutas há um baixo-relevo com o brasão da Ordem Beneditina. À direita, uma torre com um carrilhão.
O teto da capela-mor é decorado com pinturas que representam passagens da vida do santo fundador da Ordem e de seus monges. Do mesmo teto pendem três lampadários de prata, do século XVIII. A nave conta com um púlpito com dossel e altares laterais com imagens do século XVIII. O coro ostenta uma imagem de tamanho natural de Cristo crucificado e rodeado de anjos e de um esplendor, e a do Menino Jesus de Olinda, uma escultura em barro cozido, feita por Frei Agostinho da Piedade entre 1635 e 1639.
A sacristia é a mais rica de Olinda, com móveis esculpidos em cedro e decoração com espelhos de cristal e painéis nas paredes e teto retratando a vida de São Bento, obras de José Eloy da Conceição executadas por volta de 1785. Também ali se preserva uma pintura do século XIV da escola italiana, mostrando São Sebastião, trazida para o mosteiro em fins do século XIX, e um grande lavabo, esculpido em mármore policromado e confeccionado em Estremoz, Portugal. Outras peças importantes são um retábulo de talha dourada e um painel retratando Nossa Senhora das Dores.
A Igreja de São Bento (1761), destaca-se o magnífico altar-mor barroco, em madeira de cedro e inteiramente folheado a ouro, construído entre 1783 e 1786, sendo um dos exemplares mais belos e significativos de talha dourada no Brasil. No centro, no trono principal do altar, encontra-se a imagem do patriarca São Bento, ladeado por São Gregório Magno e por Santa Escolástica. Em 1860 foi feita uma reforma com novos douramentos. Restaurado em 2001, foi objeto de polêmica ao ser desmontado para ser remontado no Museu Guggenheim, em Nova York, para a exposição "Brasil, Corpo e Alma", em 2002. A peça de cedro, do final do século 18, tem 14 metros de altura, oito de largura e pesa cerca de 24 toneladas. Tanto corpo e tanta alma levaram três semanas para serem reencaixados, do alto dos andaimes, por 23 marceneiros no museu norte-americano, sete deles brasileiros. Houve quem considerasse o desmonte. O conjunto estava bichado de cupins, hoje reluz em total esplendor.
Em 1998, a Igreja do Mosteiro de São Bento foi elevada à dignidade de Basílica Menor pelo Papa João Paulo II, através da Carta Apostólica Spectabile Quidem.
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