quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

História da ocupação no Xingu


As fontes documentais indicam que a história dos Trumai é dinâmica. O grupo seria oriundo de uma região entre o Araguaia e o Xingu, tendo partido em razão de ataques de outro povo, possivelmente os Xavante. É provável que tenham chegado ao Alto Xingu na primeira metade do século XIX, através de um afluente do rio Kuluene (Villas Bôas, 1970: 27). A localização de suas aldeias no Xingu foi alterada inúmeras vezes, sendo que eles exploraram diversas localidades. Tiveram também conflitos com outros povos da região, tendo sofrido ataques por parte dos Yudjá (Juruna) e especialmente dos Suyá (Quain & Murphy, 1955: 11).

Em contato com os alto-xinguanos, os Trumai passaram a integrar a rede de trocas como fornecedores das pedras usadas na fabricação de machados. Em um longo período de convivência, absorveram os elementos fundamentais da cultura alto-xinguana, apesar de nunca deixarem de ser vistos e de se verem como "diferentes".

Até os anos 1950, os Trumai moviam-se dentro dos limites de seu território (na região do Baixo Rio Kuluene) ou procuravam proteção nas aldeias de grupos vizinhos, como os Aweti (Ehrenreich, 1929: 253) ou os Nahukuá (Vasconcellos, 1945: 77). Posteriormente afastaram-se dessa área rumo às proximidades do Posto Indígena Diauarum, em razão de epidemias de sarampo e gripe que sofreram naquele período. Viver perto de um posto indígena propiciava aos Trumai a oportunidade de receber assistência médica, garantindo então a sobrevivência dos membros do grupo, já bastante reduzido na época.

A partir de 1968, ergueram uma aldeia nas proximidades do Posto Leonardo Villas Bôas, relativamente perto de alguns de seus locais tradicionais. Passada uma fase de recuperação demográfica e social - que também ocorreu com outros povos do Parque - mudaram-se para uma nova aldeia, localizada abaixo do Morená (na margem esquerda do rio Xingu), em um local chamado de Malakafia ou Pato Magro. Posteriormente deixaram esse lugar, mudando-se para a aldeia Terra Preta, igualmente na margem esquerda do Xingu. Outra aldeia, denominada Boa Esperança, surgiria alguns anos mais tarde na área conhecida por Awara'i, que os Trumai já haviam habitado anteriormente. No final dos anos 80, uma terceira aldeia foi criada, a Steinen, às margens do rio de mesmo nome.

Nesse período, parte do território habitado até as décadas de 1950 e 1960 havia sido ocupada por outros grupos alto-xinguanos ou havia sido rearranjada para outras funções - como é o caso da área do Jacaré, local de uma antiga aldeia Trumai que foi utilizado para a instalação de uma base aérea militar. Os Trumai, contudo, visitam periodicamente as roças e sítios antigos, de modo que o trecho xinguano entre o Posto Leonardo e o Posto Diauarum é uma área vastamente percorrida e explorada por eles.

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