quinta-feira, 30 de junho de 2011

Fernando Henrique Cardoso 80 anos


Ex-Presidente da República Federativa do Brasil por dois mandatos consecutivos (1995-2002), Fernando Henrique Cardoso é hoje presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso (iFHC, São Paulo) e presidente de honra do Diretório Nacional do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Copresidente da Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia desde 2008, liderou em 2010 a criação da Comissão Global sobre Políticas de Drogas, organização não-governamental de abrangência internacional. Presidente da Comissão Independente sobre AIDS e o Direito e membro do Conselho de Líderes Globais para a Saúde Reprodutiva.

É membro das diretorias do Clube de Madri (Madri) e do Inter-American Dialogue (Washington, D.C); membro consultivo da Clinton Global Initiative (New York, NY); do World Resources Institute (Washington, D.C), do Thomas. J. Watson Jr. Institute for International Studies da Universidade de Brown (Providence, RI) e da United Nations Foundation (New York, NY).

Nascido no Rio de Janeiro em 1931, foi casado com Ruth Cardoso (1930-2008) e tem três filhos. Sociólogo formado na Universidade de São Paulo, afirmou-se desde o final dos anos 1960 como um dos mais influentes intelectuais latino-americanos na análise de temas como os processos de mudança social, desenvolvimento e dependência, e democracia. Cardoso teve participação ativa na luta pela redemocratização do Brasil. Eleito Senador do Estado de São Paulo, foi Membro Fundador do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) em 1988. Foi Ministro das Relações Exteriores (10/1992 a 05/1993), e da Fazenda (05/1993 a 03/1994).

Ex-Professor catedrático de Ciência Política, hoje Professor Emérito da Universidade de São Paulo, ensinou nas Universidades de Santiago do Chile, da Califórnia (em Stanford e em Berkeley)e, de Cambridge (na cátedra Simon Bolívar) na Inglaterra, de Paris-Nanterre, bem como na École des Hautes Études en Sciences Sociales e no Collège de France. Presidente da Associação Internacional de Sociologia (ISA) (1982-1986). Doutor Honoris Causa de mais de vinte universidades das mais prestigiadas. Membro honorário estrangeiro da American Academy of Arts and Sciences.

Mereceu honrarias como o Prêmio "Príncipe das Astúrias de Cooperação Internacional 2000", o primeiro dos Prêmios "Mahbub ul Haq por Notável Contribuição ao Desenvolvimento Humano" do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2002) e o Prêmio "J. William Fullbright para o Entendimento Internacional" (2003).

História de Cordel.


A história da literatura de cordel começa com o romanceiro luso-holandês da Idade Contemporânea e do Renascimento. O nome cordel está ligado à forma de comercialização desses folhetos em Portugal, onde eram pendurados em cordões, chamados de cordéis. Inicialmente, eles também continham peças de teatro, como as de autoria de Gil Vicente (1465-1536). Foram os portugueses que introduziram o cordel no Brasil desde o início da colonização. Na segunda metade do século XIX começaram as impressões de folhetos brasileiros, com suas características próprias. Os temas incluem fatos do cotidiano, episódios históricos, lendas , temas religiosos, entre muitos outros. As façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas mãos de um poeta competente.

No Brasil, a literatura de cordel é produção típica do Nordeste, sobretudo nos estados de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se faz presente em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. O cordel hoje é vendido em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.

Os poetas Leandro Gomes de Barros (1865-1918) e João Martins de Athayde (1880-1959) estão entre os principais autores do passado.[1]

Todavia, este tipo de literatura apresenta vários aspectos interessantes e dignos de destaque:

As suas gravuras, chamadas xilogravuras, representam um importante espólio do imaginário popular;
Pelo fato de funcionar como divulgadora da arte do cotidiano, das tradições populares e dos autores locais (lembre-se a vitalidade deste gênero ainda no nordeste do Brasil), a literatura de cordel é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro;
Pelo fato de poderem ser lidas em sessões públicas e de atingirem um número elevado de exemplares distribuídos, ajudam na disseminação de hábitos de leitura e lutam contra o analfabetismo;
A tipologia de assuntos que cobrem, crítica social e política e textos de opinião, elevam a literatura de cordel ao estandarte de obras de teor didático e educativo.


QuadraEstrofe de quatro versos. A quadra iniciou o cordel, mas hoje não é mais utilizada pelos cordelistas. Porém as estrofes de quatro versos ainda são muito utilizadas em outros estilos de poesia sertaneja, como a matuta, a caipira, a embolada, entre outros.

A quadra é mais usada com sete sílabas. Obrigatoriamente tem que haver rima em dois versos (linhas). Cada poeta tem seu estilo. Um usa rimar a segunda com a quarta. Exemplo:

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá (2)
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá (4).
Outro prefere rimar todas as linhas, alternando ou saltando. Pode ser a primeira com a terceira e a segunda com a quarta, ou a primeira com a quarta e a segunda com a terceira. Vejamos estes exemplos de Zé da Luz: (ABAB ou ABBA)

E nesta constante lida
Na luta de vida e morte
O sertão é a própria vida
Do sertanejo do Norte
Três muié, três irimã,
Três cachorra da mulesta
Eu vi nun dia de festa
No lugar Puxinanã.

SextilhaÉ a mais conhecida. Estrofe ou estância de seis versos. Estrofe de seis versos de sete sílabas, com o segundo, o quarto e o sexto rimados; verso de seis pés, colcheia, repente. Estilo muito usado nas cantorias, onde os cantadores fazem alusão a qualquer tema ou evento e usando o ritmo de baião. Exemplo:

Quem inventou esse "S"
Com que se escreve saudade
Foi o mesmo que inventou
O "F" da falsidade
E o mesmo que fez o "I"
Da minha infelicidade

SeptilhaEstrofe (rara) de sete versos; setena (de sete em sete). Estilo muito usado por Zé Limeira, o Poeta do Absurdo.

Eu me chamo Zé Limeira
Da Paraiba falada
Cantando nas escrituras
Saudando o pai da coaiada
A lua branca alumia
Jesus, Jose e Maria
Três anjos na farinhada.
Napoleão era um
Bom capitão de navio
Sofria de tosse braba
No tempo que era sadio,
Foi poeta e demagogo
Numa coivara de fogo
Morreu tremendo de frio.
Na septilha usa-se o estilo de rimar os segundo, quarto e sétimo versos e o quinto com o sexto, podendo deixar livres o primeiro e o terceiro.

OitavaEstrofe ou estância (grupo de versos que apresentam, comumente, sentido completo) de oito versos: oito-pés-em-quadrão. Oitavas-a-quadrão. Como o nome já sugere, a oitava é composta de oito versos (duas quadras), com sete sílabas. A rima na oitava difere das outras. O poeta usa rimar a primeira com a segunda e terceira, a quarta com a quinta e oitava e a sexta com a sétima.

QuadrãoOitava na poesia popular, cantada, na qual os três primeiros versos rimam entre si, o quarto com o oitavo, e o quinto, o sexto e o sétimo também entre si.

Todas as estrofes são encerradas com o verso: Nos oito pés a quadrão. Vejamos versos de uma contaria entre José Gonçalves e Zé Limeira: - (AAABBCCB)

Gonçalves:

Eu canto com Zé Limeira
Rei dos vates do Teixeira
Nesta noite prazenteira
Da lua sob o clarão
Sentindo no coração
A alegria deste canto *
Por isso é que eu canto tanto *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO
Limeira:

Eu sou Zé Limeira e tanto
Cantando por todo canto
Frei Damião já é santo
Dizendo a santa missão
Espinhaço e gangão
Batata de fim de rama *
Remédio de velho é cama *
NOS OITO PÉS A QUADRÃO.

DécimaEstrofe de dez versos, com dez ou sete sílabas, cujo esquema rimático é, mais comumente, ABBAACCDDC, empregada sobretudo na glosa dos motes, conquanto se use igualmente nas pelejas e, com menos frequência, no corpo dos romances.

Geralmente nas pelejas é dado um mote para que os violeiros se desdobrem sobre o mesmo. Vejamos e exemplo com José Alves Sobrinho e Zé Limeira:

Mote:
VOCÊ HOJE ME PAGA O QUE TEM FEITO
COM OS POETAS MAIS FRACOS DO QUE EU.
Sobrinho:
Vou lhe avisar agora Zé Limeira Dizem que quem avisa amigo é >B
Vou lhe amarrar agora a mão e o pé >B
E lhe atirar naquela capoeira
Pra você não dizer tanta besteira Nesta noite em que Deus nos acolheu >C
Você hoje se esquece que nasceu >C
E se lembra que eu sou bom e perfeito >D
Você hoje me paga o que tem feito >D
Com os poetas mais fracos do que eu. >C
Zé Limeira:
Mais de trinta da sua qualistria
Não me faz eu correr nem ter sobrosso
Eu agarro a tacaca no pescoço
E carrego pra minha freguesia
Viva João, viva Zé, viva Maria
Viva a lua que o rato não lambeu
Viva o rato que a lua não roeu
Zé Limeira só canta desse jeito
Você hoje me paga o que tem feito
Com os poetas mais fracos do que eu.

MarteloEstrofe composta de decassílabos, muito usada nos versos heroicos ou mais satíricos, nos desafios. Os martelos mais empregados são o gabinete e o agalopado.

Martelo agalopado - Estrofe de dez versos decassílabos, de toada violenta, improvisada pelos cantadores sertanejos nos seus desafios.

Martelo de seis pés, galope - Estrofe de seis versos decassilábicos. Também se diz apenas agalopado.

Galope à beira-marEstrofe de 10 versos hendecassílabos (que tem 11 sílabas), com o mesmo esquema rímico da décima clássica, e que finda com o verso "cantando galope na beira do mar" ou variações dele. Termina, sempre, com a palavra "mar".

Às vezes, porém, o primeiro, o segundo, o quinto e o sexto versos da estrofe são heptassílabos, e o refrão é "meu galope à beira-mar". É considerado o mais difícil gênero da cantoria nordestina, obrigatoriamente tônicas as segunda, quinta, oitava e décima primeira sílabas.

Sobrinho:

Provo que eu sou navegador romântico
Deixando o sertão para ir ao mirífico
Mar que tanto adoro e que é o Pacífico
Entrando depois pelas águas do Atlântico
E nesse passeio de rumo oceânico
Eu quero nos mares viver e sonhar
Bonitas sereias desejo pescar
Trazê-las na mão pra Raimundo Rolim
Pra mim e pra ele, pra ele e pra mim
Cantando galope na beira do mar.

Limeira:

Eu sou Zé Limeira, caboclo do mato
Capando carneiro no cerco do bode
Não gosto de feme que vai no pagode
O gato fareja no rastro do rato
Carcaça de besta, suvaco de pato
Jumento, raposa, cancão e preá
Sertão, Pernambuco, Sergipe e Pará
Pará, Pernambuco, Sergipe e Sertão
Dom Pedro Segundo de sela e gibão
Cantando galope na beira do mar.

RedondilhaAntigamente, quadra de versos de sete sílabas, na qual rimava o primeiro com o quarto e o segundo com o terceiro, seguindo o esquema abba.
Hoje, verso de cinco ou de sete sílabas, respectivamente redondilha menor e redondilha maior.

CarretilhaLiteratura popular brasileira - Décima de redondilhas menores rimadas na mesma disposição da décima clássica; miudinha, parcela, parcela-de-dez.

Métrica e RimaMétrica:
Arte que ensina os elementos necessários à feitura de versos medidos. Sistema de versificação particular a um poeta. Contagem das sílabas de um verso. Verso é a linguagem medida. Para medir devemos ajuntar as palavras em número prefixado de pés. Chama-se pé uma sílaba métrica. O verso português pode ter de duas a doze sílabas. Os mais comuns são os de seis, sete, oito, dez e doze pés. Como o verso mais comum, mais espontâneo é o de sete pés, comecemos nele a contagem métrica. Exemplo:

Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
Eis como se contam as sílabas:
Mi | nha | ter | ra |tem | pal | mei|
Não contamos a sílaba final "ras" porque o verso acaba no último acento tônico. O verso a quem sobra uma sílaba final chama-se grave. Aquele a quem sobram duas sílabas finais chama-se esdrúxulo. O terminado por palavra oxítona chama-se agudo, como o segundo e o quarto do exemplo supra. Eis como se decompõe o segundo verso:
On | de | can | ta o | sa | bi |á|
Nesse verso "ta o" se leem como t'o formando um pé, pela figura sinalefa (fusão) . Sabiá, modernamente, se deve contar dissílabo, porque biá, em duas silabas, forma hiato. Em geral devemos sempre evitar o hiato, quer intraverbal, quer interverbal. Os autores antigos e os modernos pouco escrupulosos toleram muitos hiatos.


Sinalefa:
Figura pela qual se reúnem duas sílabas em uma só, por elisão, crase ou sinérese.


Sinérese:
Contração de duas sílabas em uma só, mas sem alteração de letras nem de sons, como, p. ex., em reu-nir, pie-da-de, em vez de re-u-nir, pi-e-da-de.

As| aves | que a| qui | gor| jei |
Não | gor | jei| am | co | mo | lá |

No caso o verso é um heptassílabo, porque só contamos sete sílabas. Se colocarmos uma sílaba a mais ou a menos em qualquer dos versos, fica dissonante e perde a beleza e harmonia.
Vale lembrar que quando a palavra seguinte inicia com vogal, dependendo do caso, pode haver a junção da sílaba da primeira com a segunda, como se faz na língua francesa. Exemplo:
Para verificar a quantidade de silabas podemos contar nos dedos. Vejamos neste trechinho de Patativa do Assaré:
Nes | ta | noi | te | pas | sa | gei | ra
1 2 3 4 5 6 7

Há | coi| sa | que | mui | to | pas | ma
1 2 3 4 5 6 7

Um mote:
Vou | fa | zer | se | re | na | ta | na | cal | ça | da
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Da | me | ni | na | que a | mei | na | mi | nha | vi | da
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Rima

Rimas consoantes:
As que se conformam inteiramente no som desde a vogal ou ditongo do acento tônico até a última letra ou fonema. Exemplo: fecundo e mundo; amigo e contigo; doce e fosse; pálido e válido; moita e afoita.


Rimas toantes:
Aquelas em que só há identidade de sons nas vogais, a começar das vogais ou ditongos que levam o acento tônico, ou, algumas vezes, só nas vogais ou ditongos da sílaba tônica. Exemplo: fuso e veludo; cálida e lágrima; "Sem propósito de sonho / nem de alvoradas seguintes, / esquece teus olhos tontos / e teu coração tão triste." Cecília Meireles, Obra Poética, p. 516.

No caso da literatura de cordel nordestina, faz parte da tradição do gênero o uso de rimas consoantes. Se um folheto de cordel usa rimas toantes, o conhecedor de cordel pensa logo que o autor daquele folheto desconhece a existência destas regras. Um cordel escrito assim pode até ser um grande poema, mas não se pode dizer que se trata de 'um cordel autêntico'.

[editar] BibliografiaDicionário Aurélio
Português prático – Sivadi Editorial

Literatura de cordel.


Literatura de cordel é um tipo de poema popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome originado em Portugal, que tinha a tradição de pendurar folhetos em barbantes. No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado (embora o povo chame esta manifestação de folheto), mas a tradição do barbante não perpetuou. Ou seja, o folheto brasileiro poderia ou não estar exposto em barbantes. São escritos em forma rimada e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, o mesmo estilo de gravura usado nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Quadrilha (dança).


Quadrilha é uma contradança de origem inglesa. No Brasil, é dançada em compasso de 6 / 8, na qual quatro pares se situam frente a frente. Teve o seu apogeu no séc. XVIII, em França, onde recebeu o nome de "Neitherse". Tornou-se muito popular nos salões aristocráticos e burguês do século. XIX em todo o mundo ocidental.[1]

No Brasil, a quadrilha é parte das comemorações chamadas de festas juninas. Um animador vai pronunciando frases enquanto os demais participantes, geralmente em casais, se movimentam de acordo com as mesmas. Para alguns cientistas sociais, especialmente antropólogos, tal forma de entretenimento representa uma permanência do pensamento evolucionista muito em voga principalmente no século XIX, onde pessoas que residem em meios urbanos agem de forma estereotipada, zombando dos moradores de áreas rurais mesmo sem se darem conta.

A quadrilha foi introduzida no Brasil durante o período regencial e fez bastante sucesso nos salões brasileiros do século XIX, principalmente no Rio de Janeiro, sede da Corte.[2] Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto do povo, que modificou suas evoluções básicas e introduziu outras, alterando inclusive a música. A sanfona, o triângulo e a zabumba são os instrumentos musicais que em geral acompanham a quadrilha. Também são comuns a viola e o violão.


Tambêm existe outro tipo de quadrilha chamado de quadrilha de salão.Na quadrilha de salão à quatro destaques,noivo(a),viuvo(a),florista e floricultor,sinhozinho(a)e o casal xodó.Em algumas quadrilha a tambêm principe e princesa e rei ou rainha.Na quadrilha de salão a também um tema.A quadrilha escolhe qualquer tema,e pode haver o casal tema da quadrilha.Os integrantes da quadrilha dançam com um lenço em cada mão (qualquer cor)de aproximadamente 80 cm.A forma dos meninos dançarem é batendo o pé de forma rapida,e as meninas cruzando as pernas e movimentando os lenços.É comum na entrada da quadrilha jogar estalinhos.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Festa junina.


Festas juninas, festa de São João ou festas dos santos populares são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "festa de São João".

Essas celebrações são particularmente importantes no Norte da Europa — Dinamarca, Estónia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Noruega e Suécia —, mas são encontrados também na Irlanda, na Galiza, partes do Reino Unido (especialmente na Cornualha), França, Itália, Malta, Portugal, Espanha, Ucrânia, outras partes da Europa, e em outros países como Canadá, Estados Unidos, Porto Rico, Brasil e Austrália.

Origem da fogueira

De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de "Midsummer" (25 de dezembro) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as festas de São João europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França). Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.junio camargo

O uso de balõesO uso de balões e fogos de artifício durante o São João no Brasil, está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Este costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil, e ele se mantém em ambos lados do Atlântico, sendo que é na cidade do Porto, em Portugal, onde mais se evidência. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste, em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis são atados no balão com desejos e pedidos. Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança. Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei em muitos locais, devido ao risco de incêndio.

Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como traque, chilene, cordão, cabeção-de-negro, cartucho, treme-terra, rojão, buscapé, cobrinha, espadas-de-fogo.

O mastro de São JoãoO mastro de São João, conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três bandeirinhas simbolizando os santos. Tendo hoje em dia uma significação cristã bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais marcadamente católico, o levantamento do mastro tem sua origem, no entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.

Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho e a celebrar as festas desse mês — o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, "Midsommarafton". O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. Em Lóriga a tradição do Cambeiro é celebrada em Janeiro.

Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.

A QuadrilhaA quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.

A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).

Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.

O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.

No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de um ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico qualquer. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve a sua sobrevivência urbana na segunda metade do século XX e o grande sucesso popular atual aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.

Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:

"Quadrilha Caipira" (São Paulo)
"Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
"Baile Sifilítico" (Bahia)
"Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
"Quadrilha" (Sergipe)
"Quadrilha Matuta"
Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão, pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.

Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.

Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste(indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa e outros paises na minha cidade de almenar atanbem é muito populosa com qrandes festas de quadrilha

Outras danças e cançõesNo nordeste brasileiro, o forró assim como ritmos aparentados tais que o baião, o xote, o reizado, o samba-de-coco e as cantigas são danças e canções típicas das festas juninas.

Costumes populares

As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da Região Nordeste e as festas do Brasil caipira, ou seja, nos estados de São Paulo, Paraná (norte), Minas Gerais (sobretudo na parte sul) e Goiás.

No Nordeste brasileiro se comemora, com pequenas ou grandes festas que reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e muito forró. É comum os participantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de chita e chapéu de palha.

No interior de São Paulo ainda se mantêm a tradição da realização de quermesses e danças de quadrilha em torno de fogueiras.

Em Portugal há arraiais com foguetes, assam-se sardinhas e oferecem-se manjericos, as marchas populares desfilam pelas ruas e avenidas, dão-se com martelinhos de plástico e alho-porro nas cabeças das pessoas principalmente nas crianças e quando os rapazes se querem meter com as raparigas solteiras.

No nordeste brasileiro, O forró assim como ritimos aparentados tais que o baião, o xote, o reizado,o samba-de-coco e as cantigas são danças e cançoes típicas das festas juninas.

Simpatias, sortes e adivinhas para Santo AntônioO relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse caráter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos feitos a esses santos:

Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para Santo Antônio:

Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. E elas pedem:

Meu Santo Antônio
Para arrumar namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido. Rezar um Pai-Nosso e uma Salve-Rainha. Pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama. Ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.

No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.

Em Lisboa, é tradicional uma cerimónia de casamento múltiplo do dia de Santo António, em que chegam a casar-se 200 a 300 casais ao mesmo tempo. Esta "tradição" começou nos anos do salazarismo, e desapareceu com a revolução de 74. Voltou a reaparecer há uns anos, promovida por uma cadeia de televisão.

Festas juninas por paísBrasilAs festas juninas, são na sua essência multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha tido origem nas festas dos santos populares em Portugal: Festa de Santo Antônio, Festa de São João e a Festa de São Pedro e São Paulo principalmente. A música e os instrumentos usados, cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco, etc, estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos para o Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão. As roupas 'caipiras' ou 'saloias' são uma clara referência ao povo campestre, que povoou principalmente o nordeste do Brasil e muitíssimas semelhanças se podem encontrar no modo de vestir 'caipira' tanto no Brasil como em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais tiveram o seu início em Portugal com as novidades que na época dos descobrimentos os portugueses levavam da Ásia, enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora por exemplo. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, eles são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite.

No Brasil, recebeu o nome de junina (chamada inicialmente de joanina, de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras.

As grandes mudanças no conceito artístico contemporâneo, acarretam na "adequação e atualização" destas festas, onde rítimos e bandas não tradicionais aos tipicamente vivenciados são acrescentadas as grades e programações de festas regionais, incentivando o maior interesse de novos públicos. Essa tem sido a aposta de vários festejos para agradar a todos, não deixando de lado os costumes juninos, têm-se como exemplo as festas do interior da Bahia, como a de Santo Antônio de Jesus, que apesar da inclusão de novas programações não deixa de lado a cultura nordestina do forró, conhecido como "pé de serra" nos dias de comemoração junina.

A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha.

O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.

Locais
Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos do São João, são parte da tradição popular em geral. Nessas festas podemos encontrar imensas semelhanças tanto no Brasil como em Portugal, mas não só. Na África e na Ásia, Macau, Índia, Malásia, na Comunidade Cristang, os portugueses deixaram essa tradição dos santos populares bem marcada.

Atualmente, os festejos ocorridos em cidades pólos do Norte e Nordeste dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo, Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Cachoeira Cruz das Almas, Piritiba e Senhor do Bonfim na Bahia, na Mossoró no Rio Grande do Norte; Maceió em Alagoas; Recife em Pernambuco; Aracaju em Sergipe; Caruaru em Pernambuco; Campina Grande na Paraíba; Juazeiro do Norte no Ceará; e Cametá no Pará. Além disso, também existem nas pequenas cidades, festas mais tradicionais como Cruz das Almas, Ibicuí, Jequié e Euclides da Cunha na Bahia. As duas primeiras cidades disputam o título de Maior São João do Mundo, embora Caruaru esteja consolidada no Guinness Book, categoria festa country (regional) ao ar livre. Além disso, Juazeiro do Norte no Ceará e Mossoró no Rio Grande do Norte disputam o terceiro lugar de maior são joão do mundo.

domingo, 19 de junho de 2011

Sergipe.


Sergipe é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Localizado na Região Nordeste, tem como limites o oceano Atlântico à leste e os estados da Bahia, à oeste e ao sul, e de Alagoas, ao norte, do qual está separado pelo Rio São Francisco. É o menor dos estados brasileiros, ocupando uma área total de 21.910 km², pouco maior que Israel. Em 2010, sua população foi estimada em 2.068.031 habitantes, o sexto estado menos populoso do país.

A capital e maior cidade é Aracaju, sede da Região Metropolitana de Aracaju, que inclui ainda os municípios de Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil e a primeira capital de Sergipe. Outras cidades importantes são Itabaiana, Lagarto e Estância, todas com mais de 50 mil habitantes. Ao todo, o estado possui 75 municípios divididos nas messorregiões do Leste, Agreste e Sertão sergipanos.

Sergipe emancipou-se politicamente da Bahia em 8 de julho de 1820 através de decreto de Dom João VI. A então capitania de Sergipe del-Rei viria a ser elevada à categoria de província quatro anos depois, e, finalmente, a estado após a proclamação da República em 1889.

O nome do estado vem do tupi e significa "rio dos siris" (referindo-se ao rio Sergipe). Ao longo dos anos, a grafia foi alterada para sergï-ype.

Os primeiros indícios da ocupação humana do território que hoje corresponde ao estado de Sergipe são datados de 9.000 a.C.[6] A análise dos achados arqueológicos desses povos, como arte rupestre, ossos, cerâmicas e outros artefatos,[7] permitiu aos historiadores classificá-los em três culturas ou tradições: canindé, aratu e tupi-guarani.[6]

Na segunda metade do século XVI teve início a colonização do estado com a chegada de navios franceses onde os seus tripulantes trocavam objetos diversos por produtos da terra (pau-brasil, algodão, pimenta-da-terra).

Entre o final do século XVI e as primeiras décadas do século XVII, a atuação dos missionários e de algumas expedições militares afasta os franceses e vence a resistência indígena. Ocorre grande miscigenação entre portugueses e índios.

Garcia d’Ávila, proprietário de terras na região, iniciou a conquista do território. Contava com a ajuda dos jesuítas para catequizar os nativos. A conquista deste território e sua colonização facilitariam as comunicações entre Bahia e Pernambuco e impediriam também as invasões francesas.

Surgem os primeiros povoados, como o arraial de São Cristóvão. Originário do povoado de São Cristóvão, a capitania de Sergipe D’El-Rey foi colonizada em 1590 após a destruição de indígenas hostis e Sergipe começa a explorar o açúcar. A existência de áreas inadequadas à plantação de açúcar no litoral favorece o surgimento das primeiras criações de gado. Sergipe torna-se, então, um fornecedor de animais de tração para as fazendas da Bahia e de Pernambuco. Houve também uma significativa produção de couro.

Quando das invasões holandesas, na primeira metade do século XVII a economia ficou prejudicada, vindo a se recuperar em 1645 quando os portugueses retomaram a região. O território, que na época fazia parte da Bahia, foi responsável em 1723 por um terço da produção de açúcar da Bahia.

Uma primeira tentativa em 1820 de conceder autonomia ao território fracassou. Somente em 1823, depois da independência, Sergipe recupera sua autonomia, se desmembrando politicamente da província da Bahia. Mas o progresso da província é pequeno durante o Império, com exceção de um breve surto algodoeiro na segunda metade do século XIX.

Com a Proclamação da República, passou a ser Estado da Federação tendo sua primeira Constituição promulgada em 1892.

O quadro permanece assim em todo o primeiro período republicano, com setores das camadas médias urbanas sendo as únicas forças a enfrentar a oligarquia local, como nas revoltas tenentistas em 1924.

Um dos maiores eventos juninos do nordeste do Brasil, com cerca de 140 atrações locais e nacionais reunidas durante 14 noites na praça de eventos entre os mercados Albano Franco e Thales Ferraz. O evento é gratúito e faz parte do calendário junino brasileiro. Organizada pela Prefeitura de Aracaju, a festa atrai um público de 1 milhão de pessoas em cada edição.

A partir de 2001, o Forró Caju se consolidou como uma das maiores festas de Sergipe e do Brasil. A partir daí, a riqueza das tradições culturais de Aracaju foram apresentadas aos brasileiros e chegou-se ao formato atual de megaevento, com estrutura de ponta, praça de alimentação, camarotes, mini-hospital, programação extensa, diversificada e de alcance nacional[1]. Como uma programação alternativa que incluiu apresentações folclóricas, trios pé-de-serra, quadrilhas e até professores de dança para ensinar o autêntico forró aos turistas e demais interessados em aprender o ritmo mais popular do Nordeste. Tal festa reúne todos os segmentos da população além de um grande número de turistas. Por dia, passam cerca de 150 mil pessoas na festa. Como tenta atender aos vários gostos e culturas, mescla em suas atrações desde trios pé-de-serra e um forró raiz, como Dominguinhos, Elba Ramalho e Alceu Valença, passando pela nova geração do que seja entendido como forró, caracterizado por um som mais eletrônico, daí ser conhecido como forró eletrônico, tendo como expoente de tal segmento a banda aviões do forró, calcinha preta, cavaleiros do forró entre outros. Até grandes nomes de um estilo comumente confundido com o forró, como o tecnobrega da banda Calypso. Porém, o forró é mesmo o ritmo que embala todos os foliões.

Atualmente, Aracaju disputa com Campina Grande o status de Capital do forró.

Já reuniu artistas como Elba Ramalho,Banda Calypso, Dominguinhos, Geraldo Azevedo, Fagner, Trio Nordestino e também Aviões do Forró, Saia Rodada e Cavaleiros do Forró.

Todos os anos, no mês de janeiro, ocorre uma das maiores prévias carnavalescas do Brasil, o Pré-Caju, reunindo milhares de pessoas ao longo da extensão da Avenida Beira Mar, ao som de músicos e bandas nacionais.

Rio Grande do Norte.


O Rio Grande do Norte é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Nordeste e tem por limites o Oceano Atlântico a norte a leste, a Paraíba a sul e o Ceará a oeste. Sua área total é de 52 796,791 km², ou 3,41% da área do Nordeste e 0,62% da superfície do Brasil. A população do estado recenseada em 2010 foi de 3 168 133 habitantes, sendo o décimo sexto estado mais populoso do Brasil.

A capital e maior cidade é Natal, sede da Região Metropolitana de Natal (RMN). Outras cidades importantes fora desta região metropolitana são Mossoró, Caicó, Assu, Currais Novos, Santa Cruz, Nova Cruz, Apodi, João Câmara, Touros, Canguaretama, Macau, Pau dos Ferros, Areia Branca, Baraúna, Goianinha, Santo Antônio, São Miguel, Parelhas e Jucurutu, que também são as maiores cidades do interior do estado. Ao todo, o estado tem 167 municípios.

Devido à sua localização geográfica e sua forma, o Rio Grande do Norte é conhecido como esquina do continente. Seu litoral, com uma extensão aproximada de 400 quilômetros, é um dos mais famosos do Brasil. Na economia, destaca-se o setor de serviços. Devido ao seu clima semiárido em parte do litoral norte, o Rio Grande do Norte é responsável pela produção de mais 95% do sal brasileiro.

Sua história se inicia a partir do povoamento do território brasileiro, quando houve uma onda de migrações para os Andes, depois para o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte. Ao longo de sua história, seu território sofreu invasões de povos estrangeiros, sendo os principais os franceses e holandeses. Após ser subordinado pelo governo da Bahia, o Rio Grande do Norte passa a ser subordinado pela Capitania de Pernambuco. Em 1822, quando o Brasil conquistou sua independência do Império Português, o Rio Grande do Norte passaria a se tornar província e, com a queda da monarquia e a consequente proclamação da república, a província se transforma em um estado, tendo como primeiro governador Pedro de Albuquerque Maranhão. O único potiguar que ocupou a presidência da República Brasileira foi Café Filho, que sucedeu a Getúlio Vargas quando este se suicidou. Sua atual governadora é Rosalba Ciarlini, eleita no primeiro turno das eleições estaduais realizadas em 2010.

O estado conta com uma importante tradição cultural, que engloba artesanato, culinária, esporte, folclore, literatura, música e turismo. Alguns dos times se futebol com sede no estado são o ABC, o Alecrim, o América. O Rio Grande do Norte é também sede de diversos eventos anuais, além de possuir diversos pontos turísticos, como o maior cajueiro do mundo (em Parnamirim), o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno e o Centro de Turismo de Natal.

A história do Rio Grande do Norte começa antes da chegada dos europeus ao continente americano. Não existem teorias comprovadas sobre como se deu o povoamento da América; a mais aceita afirma que o continente foi povoado quando povos primitivos vindos da Ásia através do Estreito de Bering atravessaram a América, na época em que o nível das águas dos mares havia baixado (glaciação) por as águas ficarem retidas nas geleiras (icebergs), fazendo surgir uma ponte que ligava a Ásia à América. Segundo alguns historiadores, foi por essa ponte que teriam passado os povos primitivos da América, há cerca de doze mil anos atrás.[5]


Algum tempo depois, há 11 300 ou 9 000 anos atrás, estava começando o povoamento do território brasileiro. Os povos primitivos do Brasil teriam migrado para os Andes, depois o Planalto do Brasil, a região Nordeste, até chegarem ao Rio Grande do Norte.[6] Inicialmente, o território potiguar era habitado por animais da megafauna. Algum tempo depois, o Rio Grande do Norte começa a ser povoado por caçadores e coletores primitivos. Alguns desses povos primitivos deixaram vestígios que se encontram atualmente nos sítios de Angicos e Matumba II. [7] Em alguns sítios arqueológicos, os habitantes primitivos deixaram rochas e vestígios de arte rupestre nas paredes das cavernas, desde inscrições até pinturas.[8] O significado desses vestígios ainda é discutido. O mais aceito afirma que as inscrições e desenhos não seriam manifestação artísticas, feitas para deleite espeiritual ou para representar o bela, mas sim instrumento de comunicação, que pretendia transmitir uma mensagem usando uma espécie de escrita muito diferente da atual. Segundo essas teorias, as grande dificuldades enfrentadas pelo homens para sobreviver não lhes proporcionava condições para praticar atividades viradas para o embevecimento espiritual.

Na época próxima à descoberta do Brasil, o litoral potiguar era habitado por povos originários do território que corresponde ao atual Paraná e ao Paraguai. Esses povos falavam a língua abanheenga, língua aglutinada e com reflexões verbais. No interior, residiam os tapuias, povos indígenas que andavam totalmente nus, sem nenhuma cobertura, sem barbas e que depilavam todos os pelos existentes em seus corpos. As mulheres dessa tribo eram mais baixas que os homens e eram submissas aos seus maridos. As principais áreas habitadas por esses povos correspondem hoje às regiões do Seridó, Chapada do Apodi e zona serrana do Rio Grande do Norte.[9]

No final do século XV, a Europa sentia a necessidade de expandir seu comércio a outras partes do mundo. O comércio das especiarias, desenvolvido do Mar Mediterrâneo, era monopolizado por cidades da Itália, o que prejudicava o comércio nos demais países europeus, pois os produtos eram vendidos a preços muito altos. O primeiro país a usar uma rota marítima para o Oriente foi Portugal, em parte devido à sua localização geográfica no sudoeste europeu, um processo iniciado em 1415 com a conquista de Ceuta. Pelo fato de ninguém ter garantido o retorno das viagens à Europa, navegar nos mares e oceanos era uma aventura muito perigosa.[10] No final do século XV, Cristóvão Colombo pisa em território americano (1492).[11] Em 1494, é assinado o Tratado de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, no qual se determina que o mundo passaria a ser dominado por esses dois países.[12] Em 9 de março de 1500, uma esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral sai de Portugal e inicia uma viagem em direção às Índias. Em 22 de abril do mesmo ano, a esquadra avista um monte, batizado por eles de "Monte Pascoal", e chega do Brasil. Quatro dias depois, é celebrada a primeira missa. Nove dias depois, a frota de navios sairia em direção ao Oriente.[12] Estava assim oficialmente descoberto o Brasil, um acontecimento narrado em uma carta escrita por Pero Vaz de Caminha.[13]

Pesquisadores potiguares afirmam que a expedição de Pedro Álvares Cabral teria atingido pela primeira vez a praia de Touros, em 1500.[14]

A descoberta do Brasil ainda gera controvérsias. Para alguns historiadores, os espanhóis teriam chegado ao Brasil antes dos portugueses, afirmando que o território brasileiro foi descoberto pelo navegador Duarte Pacheco Pereira em 1498, quase dois anos antes da chegada de Álvares Cabral no Brasil.[15]

Em 1535, a então Capitania do Rio Grande foi doada pelo Rei João III de Portugal a João de Barros. A colonização resultou em um fracasso e dá-se a invasão dos franceses, começando o contrabando do pau-brasil. Os franceses dominaram a área até 1598. Nesse ano, os portugueses, liderados por Jerônimo de Albuquerque e Manuel de Mascarenhas Homem, com objetivo de garantir a posse das terras, constroem a Fortaleza dos Reis Magos.[16][17]

Após a expulsão dos franceses e a construção da fortaleza, faltava fundar uma cidade (Natal). Devido à destruição de documentos pelos holandeses, a história de fundação da capital potiguar foi perdida. O esforço dos historiadores potiguares para reconstituir esse acontecimento tem gerado controvérsias ao longo dos tempos.[18] Não se sabe ao certo quem fundou Natal. Uma das versões afirma que Natal foi fundada após Manuel Mascarenhas Homem ter designado Jerônimo de Albuquerque como comandante da fortaleza, que depois seguiria para a Bahia para prestar contas da missão desempenhada. Avanços de pesquisas já comprovaram que Mascarenhas não designou Jerônimo para poder exercer a função de capitão-mor do Rio Grande e que ele não se encontrava presente na data da fundação da cidade e, portanto, não pode ser considerado como fundador de Natal.[19] Porém, sabe-se que Natal foi fundada em 25 de dezembro de 1599. Outra hipótese afirma que Natal foi fundada por João Rodrigues Colaço, e depois da fundação teria sido celebrada uma missa no local que corresponde à atual Praça André de Albuquerque.[20]

A invasão holandesa no Brasil começa no começo do século XVII. Foi na Bahia que ocorreu a primeira tentativa de implantar uma colônia no Brasil pelos holandeses. Estes conheciam o Brasil e mantinham relações amistosas com os portugueses durante os reinados de João III, D. Sebastião e do cardeal D. Henrique. A situação mudou em 1580, quando Portugal passou a ter reis espanhóis e foram confiscados os navios flamengos próximos aos portos europeus, africanos, asiáticos e americanos sob domínio português e espanhol. Em 1625, a Bahia capitulou aos holandeses, quando Salvador, capital do Brasil Colônia na época, foi surpreendida por uma armada que chegou àquele local em 22 de março. Cerca de quarenta dias depois (1º de maio), Salvador foi libertada, mas os holandeses não desistiram do sonho de se apossarem do Brasil.[21] A invasão dos holandeses no Rio Grande do Norte ocorreu finalmente por volta de 1633/1634. Natal passou a ser chamada de Nova Amsterdã. Foi justamente nesta época que os documentos sobre a fundação de Natal foram destruídos, por isso há dúvidas sobre a fundação da cidade. Essas invasões preocupavam Portugal naquele momento. Devido à localização geográfica do Rio Grande do Norte, no ponto mais estratégico da costa brasileira, o rei retomou a posse da Capitania do Rio Grande, ordenando a construção de um forte com o objetivo de expulsar os holandeses, fato que ocorreu em 1654.[16]

Após ser dirigido pelo governo baiano, o Rio Grande do Norte passou a ser dirigido por Pernambuco, em 1701.[16]

Desde 1598, o Poder Executivo era exercido por um capitão-mor. No período da invasão holandesa, esse sistema havia sido extinto, sendo repromovido após a expulsão dos holandeses. O capitão-mor era um chefe nomeado por meio de um documento chamado Carta-Patente. Com exceção de João Rodrigues Colaço, que havia sido nomeado pelo governador geral do Brasil na época e confirmado posteriormente no cargo por um Alvará Régio, todos os demais capitães-mor foram nomeados por meio desta carta. Ao longo de sua história o cargo recebeu várias denominações, como Capitão-Mor do Rio Grande (1739) e Capitão-Mor do Rio Grande do Norte, para diferenciar de outra capitania localizada no extremo sul da colônia. Existia, além do cargo executivo, o cargo de provedor de fazenda, responsável por receber os impostos. A partir de 1770, devido à morte e a algum motivo que o impedia de exercer a função, o capitão-mor foi substituído por uma junta. Na época, a capitania era formada por apenas um município: Natal. Outros foram surgindo depois, como São José do Mipibu e Vila Flor.[22] Já o poder judiciário tinha o ouvidor como representante máximo, antes nomeado pelos donatários das capitanias e depois, pelo próprio rei.[23]

A partir de 1817, a Capitania do Rio Grande do Norte aderiu à Revolução Pernambucana, onde uma junta do Governo Provisório se instalou em Natal. A rebelião fracassou e em 1822 o Brasil finalmente conquistaria a independência do domínio português que durava há três séculos. O Rio Grande do Norte passaria a see uma província do Império do Brasil naquele ano.[24]

Em 1824, ocorre a Confederação do Equador, dominada por tropas imperiais. Em 1° de dezembro daquele ano, era jurada a Constituição outorgada de 1824. Algum tempo depois, as atuais regiões Nordeste e Norte do Brasil estavam com a ordem imperial restabelecida.[25]

Alguns anos após o reinado de D. Pedro II, a monarquia brasileira passava por uma crise. A partir daí, começaram a surgir lutas pelo Brasil visando a instalação de uma república (campanha republicana). No Rio Grande do Norte, esse movimento era representado pelos partidos Liberal e Conservador, embora não houvesse unidade ideológica entre os dois. As divergências internas eram muito acentuadas, o que facilitaria o desenvolvimento da campanha pela substituição do regime monárquico no Brasil. Quem faria a contrapropaganda pelo Partido Conservador era o jornal "A Gazeta de Natal", enquanto que o "Correio de Natal" faria essa contrapropaganda para os liberais.[26] Finalmente, em 15 de novembro de 1889, é proclamada a república e o Rio Grande do Norte deixa de ser província e se transforma em estado. Dois dias depois, em 17 de novembro, Pedro de Albuquerque Maranhão toma posse como primeiro governador do estado.[16]

Durante um período da história brasileira conhecido como "República Velha", o Rio Grande do Norte, assim como nos outros estados do Brasil, foi dominado por oligarquias.[27]

Naquela época, tanto a economia do Brasil quanto a economia do estado tinham um setor industrial insignificante. No contexto regional, o Rio Grande do Norte só possuia mais indústrias do que o Piauí e o Maranhão. Nesse setor, a indústria têxtil e alimentícia eram as mais predominantes. Já em relação ao sistema de finanças, foi apenas em 1909 que apareceu o primeiro sistema bancário, localizado na capital. A primeira agência do Banco do Brasil no estado só foi inaugurada em 14 de abril de 1917. Naquela época, quase toda a região do nordeste já possuía agências. Foi Juvenal Lamartine o personagem que deu as primeiras iniciativas a esse setor. Um exemplo ocorreu na criação de bancos rurais em alguns municípios do interior potiguar. Para facilitar o crédito, foram Ulisses de Góis e Jovino dos Anjos os responsáveis pelo aparecimento de cooperativas.[28]

Devido à localização estratégica do estado, foi em Natal que se reuniram dois presidentes: o do Brasil, Getúlio Vargas, e o dos Estados Unidos, Franklin Delano Roosevelt. A partir daí, norte-americanos começaram a ocupar o território, culminando com a mudança de hábitos daquele município.[29] Essa presença também culminou com benefícios para o Rio Grande do Norte e estados do centro-sul do Brasil. Isso culminou com a instalação da primeira indústria brasileira, que ocorreu em Volta Redonda, estado do Rio de Janeiro.[16]

Em 1945, Vargas se retira do poder e inicia-se a instalação de um período democrático no país. Em 1951, ele volta ao poder até que, em 24 de agosto de 1954, Getúlio comete suicídio, assumindo Café Filho, primeiro e único potiguar a ocupar a presidência.[30] A partir da década de 1970, com a descoberta do petróleo, a economia do estado começou a crescer. Hoje, é o segundo maior produtor de petróleo em terra do país. O turismo é um dos setores que mais crescem no estado. Governos recentes têm feito importantes mudanças no estado. Um exemplo ocorreu no governo de Garibaldi Alves, que elevou a irrigação como uma das metas prioritárias.[31]

Atualmente, o Rio Grande do Norte se divide em 167 municípios, tendo Natal como capital. A atual governadora é Rosalba Ciarlini, que exerce o cargo desde o 1° de janeiro de 2011.

Paraná.


O Paraná é uma das 27 unidades federativas do Brasil.[5] Está situado na região Sul do país[6] e tem como limites São Paulo (a norte e leste), oceano Atlântico (leste), Santa Catarina (sul), Argentina (sudoeste), Paraguai (oeste) e Mato Grosso do Sul (noroeste).[7] Ocupa uma área de 199.880 km²,[8] pouco maior que o Senegal.[9]

Sua capital é Curitiba[10] e outros importantes municípios são Londrina, Maringá, Cascavel, Toledo, Pato Branco, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, São José dos Pinhais, Guarapuava, Paranaguá, Apucarana, Umuarama, Campo Mourão, Arapongas, Paranavaí ,[11] além de outras cidades da Região Metropolitana de Curitiba como Araucária, que possui o segundo PIB do estado.[12]

De acordo com PIB, o Paraná é o quinto estado mais rico do Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. O Paraná apresenta uma estreita planície no litoral, e a serra do Mar é a borda dos Planaltos e Serras de Leste-Sudeste.[13] Após a Depressão Periférica, no centro-leste do estado, surgem os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.[13]

Os rios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná drenam a quase totalidade do estado.[13] Os principais cursos d'água são, além do próprio rio Paraná, o Paranapanema, o Iguaçu, o Tibagi, o Ivaí e o Piquiri.[13]

O clima paranaense é predominantemente subtropical úmido.[13] A temperatura média varia entre 14 °C e 21 °C, e o clima é mais frio na porção sul planáltica.[13] Os índices pluviométricos oscilam de 1.500 mm a 2.500 mm anuais.[13]

Originalmente, cerca de metade do território paranaense era recoberto pela Mata de Araucárias.[13] Nas partes mais elevadas dos planaltos, manchas de campo são comuns.[13]

O Paraná tem um setor agropecuário bastante diversificado e altamente produtivo, além de um setor industrial crescente.[14] É o maior estado produtor nacional de milho e de soja o segundo de cana-de-açúcar .[14]

O Paraná era a província mais nova do Império do Brasil, desmembrada da de São Paulo em 1853,[15] tendo como primeiro presidente o senhor Zacarias de Góis e Vasconcelos.[15] Foi criada como punição pela participação dos paulistas na Revolta Liberal de 1842.[15] É também o mais novo estado da Região Sul do Brasil,[15] logo depois do Rio Grande do Sul (1807) e Santa Catarina (1738).

O estado é historicamente conhecido por sua grande quantidade de pinheirais espalhados pela porção sul planáltica,[16] onde o clima é semelhante ao dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul,[17] enquanto o resto do Brasil é tropical.[18] A espécie predominante na vegetação é a Araucaria angustifolia. Os ramos dessa árvore aparecem na bandeira e no brasão, símbolos adotados em 1947.[19] Atualmente, esse ecossistema encontra-se muito destruído devido à ocupação humana.[20]

O nome do estado é derivado do rio que delimita a fronteira oeste de seu território, onde ficava o salto de Sete Quedas (hoje submerso pela represa da Usina Hidrelétrica de Itaipu) na divisa com Mato Grosso do Sul, já na Região Centro-Oeste,[21] e com o Paraguai. O rio Paraná nasce da confluência dos rios Paranaíba e Grande, quase no extremo oeste de Minas Gerais.

O nome do estado é derivado do nome indígena dado ao rio em tupi: pa'ra = "mar" mais nã = "semelhante, parecido". Paraná é, portanto, "semelhante ao mar, rio grande, parecido com o mar"; naturalmente pelo seu tamanho. O potamônimo (potamônimo é um vocábulo que define um topónimo que tem origem num nome de um rio) passou a designar a região, que se tornou província autônoma em 1853 e estado em 1889. A pronúncia Paranã foi encontradiça até pouco tempo.[23]

Os habitantes naturais do estado do Paraná são denominados paranaenses.[24] Não existe o gentílico no feminino do plural nem do singular, portanto é neutro nas duas flexões gramaticais de gênero e número, por exemplo: "o paranaense e a paranaense; os paranaenses e as paranaenses".[25]

No século XVI o Paraná, então em grande parte território da coroa Espanhola, foi colonizado primeiramente pelos Jesuitas.[26] Em 1554, Domingo Martínez de Irala, Governador do Paraguai fez fundar Ontiveros, a uma légua do Salto das Sete Quedas.[27] Mais tarde, a três léguas de Ontiveros, fundou a Ciudad Real del Guayrá, na confluência do Rio Piquiri.[27] E em 1576, foi fundado à margem esquerda do rio Paraná, Vila Rica do Espírito Santo.[27] Com três cidades e diversas "reduções" ou "pueblos" a região foi denominada com o status de "Provincia Real del Guaira".[28] No século XVII os bandeirantes paulistas faziam incursões periódicas em seu vasto território, capturando-lhe os índios livres para escravizar-lhes.[29] Já em 1629, os estabelecimentos dos Padres Jesuitas, com exceção de Loreto e Santo Inácio, estavam completamente devastados pelos bandeirantes paulistas[30] e, em 1632, Vila Rica, último reduto espanhol capaz de oferecer resistência, foi sitiado e devastado por Antônio Raposo Tavares.[31] Somente em 1820 o território ocidental do Paraná passou definitivamente a coroa portuguesa passando a integrar politicamente a província de São Paulo, sendo conhecida como "Comarca de Curitiba".[32]

No século XVII, descobriu-se na região do Paraná uma área aurífera, anterior ao descobrimento das Minas Gerais, que provocou o povoamento tanto no litoral quanto no interior.[33] Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro de Paranaguá perdeu a importância.[33] As famílias ricas, que possuíam grandes extensões de terra, passaram a se dedicar à criação de gado, que logo abasteceria a população das Minas Gerais.[34] Mas apenas no século XIX as terras do centro e do sul do Paraná foram definitivamente ocupadas pelos fazendeiros.[35]

No fim do século XIX, a erva-mate dominou a economia[36] e criou uma nova fonte de riqueza para os líderes que partilhavam o poder.[37] Com o aparecimento das estradas de ferro, ligando a região da araucária aos portos e a São Paulo,[38] já no fim do século XIX,[38] ocorreu novo período de crescimento.[34]

A partir de 1850, o governo provincial de São Paulo empreendeu um amplo programa de colonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos,[39] que contribuíram decisivamente para a expansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.[34]

O Paraná era parte da província de São Paulo, da qual se desmembraria apenas em 1853.[40] Nessa época, a produção de café começou a ganhar destaque.[29] O rápido desenvolvimento da cultura cafeeira atraiu milhares de imigrantes das províncias do Sul, do Sudeste e do Nordeste do país.[29]

Um dos principais conflitos ocorridos no Paraná foram o Cerco da Lapa[29] e a Guerra do Contestado[41] (1912-1916), que foi um dos eventos mais significativos da história do Brasil no século XX, no limite com o estado de Santa Catarina.[29] Ao longo do século XX, o Paraná destacou-se pela criação de empresas agrícolas, muitas vezes de capital estrangeiro, o que acelerou o processo de concentração de terras e de renda.[29] Durante as décadas de 1970 e 1980, milhares de pequenos camponeses deixaram o campo em direção às cidades ou a outros estados e até países.[29] No final do século XX e início do XXI, o Paraná atraiu muitos investimentos externos, e indústrias automobilísticas instalaram-se no estado.[29]

Até meados do século XVII, litoral sul da capitania de São Vicente, hoje pertencente ao estado do Paraná, foi esporadicamente visitado por europeus que buscavam madeiras de lei.[42] No período de domínio espanhol, foi estimulado o contato dos vicentinos com a área do rio da Prata e tornou-se mais frequente o percurso da costa meridional, cuja exploração intermitente também seria motivada pela procura de índios e de riquezas minerais.[43] Do litoral os paulistas adentraram-se para oeste, em busca de indígenas, ao mesmo tempo que, a leste, onde hoje estão Paranaguá e Curitiba, dedicaram-se à mineração.[13]

As lendas sobre a existência de grandes jazidas de ouro e prata atraíram à região de Paranaguá numerosos aventureiros.[13] O próprio Salvador Correia de Sá, que em 1613 assumira a superintendência das minas do sul do Brasil, ali esteve durante três meses, enquanto trabalhava com cinco especialistas que fizera vir de Portugal.[42] Não encontrou, porém, nem uma onça de ouro.[42][44] Sob o governo do marquês de Barbacena, foi para lá enviado o espanhol Rodrigo Castelo Blanco, grande conhecedor das jazidas do Peru, que em 1680 escreveu ao rei de Portugal para também desiludi-lo de vez sobre a lenda das minas de prata.[44]

No fim do século XVII, abandonados os sonhos de grandes riquezas minerais, prosseguiu a cata do ouro de aluvião, dito "de lavagem", mediante a qual os escassos habitantes do lugar procuravam recursos para a aquisição de produtos de fora.[13] Os índios que escapavam ao extermínio eram postos na lavoura.[45] Os escravos africanos começaram a ser utilizados no século XVIII[46] e já em 1798 o censo revelava que seu número, em termos relativos, superava o dos índios.[44]

vila de Paranaguá, criada por uma carta régia de 1648,[47] formou com o seu sertão - os chamados campos de Curitiba, a quase mil metros de altitude - uma só comunidade.[44] Prevaleceu em Paranaguá o cultivo das terras e, nos campos, a criação de gado. Pouco a pouco, Curitiba, elevada a vila em 1693,[48] transformou-se no principal núcleo da comunidade paranaense, e para isso foi fator decisivo a grande estrada do gado que se estabeleceu entre o Rio Grande do Sul e Sorocaba.[49]

Castro é o primeiro município verdadeiramente paranaense,[50] a fundação do município ocorreu em 1778.[51]

A descoberta das minas de ouro de Minas Gerais teve como uma de suas consequências a grande demanda de gado equino e vacum.[52] Recorreu-se então aos muares xucros da região missioneira do sul,[53] tocados pela estrada Viamão-Sorocaba, aberta em 1731.[54] Segundo Brasil Pinheiro Machado, a construção dessa estrada foi "acontecimento relevante na história paranaense".[44] Desligou Curitiba do ciclo litorâneo,[44] distanciando-a socialmente de Paranaguá e incorporando-a ao sistema histórico das guerras de fronteira,[44] dando-lhe oportunidade de uma marcha para o sul, para o norte e para oeste,[44] de maneira que Curitiba passa a significar o caráter de toda a região que será a futura província".[44]

Inaugurava-se assim o ciclo das tropas na história paranaense, que se estendeu até a década de 1870,[55] quando começou a era do transporte ferroviário.[44] Numerosos habitantes dedicaram-se ao rendoso negócio de comprar muares no sul, inverná-los em seus campos e revendê-los nas feiras de Sorocaba.[44] Foi essencialmente com a disseminação das fazendas de criação e invernagem que se fez a ocupação do território. Com base na propriedade das pastagens e no trabalho de escravos negros e índios, estabelecem-se as famílias que detêm o poder regional.[44] Graças às tropas que se estabeleciam ao torno de alguns rios, surgiram municípios como Lapa,[56] Ponta Grossa e Castro.[50]

Em princípio do século XIX, com o recrudescimento da guerra no sul,[57] tornou-se necessária, como parte da estratégia portuguesa, a ocupação das terras que pelo Tratado de Madri pertenciam a Portugal,[58] mas permaneciam abandonadas desde a destruição das missões jesuíticas pelos bandeirantes.[44]

Com o tríplice objetivo de ocupar o território, subjugar os índios e abrir caminho para as missões, em junho de 1810 uma operação militar atingiu os campos de Guarapuava,[59] que logo a seguir foram doados em sesmarias.[44] Os índios capturados foram distribuídos "pelos mais abonados moradores" e três décadas depois a região estava ocupada.[44][60] Tratava-se então de conquistar aos indígenas os campos de Palmas, o que foi feito em 1839[61] por duas sociedades particulares, rivais, que recorreram à arbitragem para evitar choque armado entre seus componentes. Completou-se assim em meados do século XIX, e graças à atividade pastoril, a ocupação dos campos do interior.[62]

Por alvará de 19 de fevereiro de 1811, foi criada a comarca de Paranaguá e Curitiba, pertencente à capitania de São Paulo. A 6 de julho do mesmo ano a câmara municipal de Paranaguá dirigiu-se ao príncipe regente para pedir a emancipação da comarca e a criação de nova capitania.[63] Dez anos depois, o movimento denominado Conjura Separatista, liderado por Floriano Bento Viana, formulou abertamente sua reivindicação separatista, mas ainda sem obter êxito.[64][65]

Apesar da atividade política expressa em sucessivas diligências e petições que tinham em vista a emancipação político-administrativa, e mesmo após a independência, continuaram os então chamados "parnanguaras" submetidos aos comandantes da tropa local, uma vez que o governo provincial estava longe e desinteressado daquelas terras.[44] A importância política e estratégica da região avultava com os anos e evidenciava-se com acontecimentos que repercutiram no plano nacional, como a Revolução Farroupilha (1835 - 1845) e a Revolução Liberal de 1842.[44]

Em 29 de maio de 1843, entra em primeira discussão o projeto de lei que elevava a comarca de Coritiba à categoria de província.[66] Durante os debates, destacaram-se os deputados de Minas Gerais e São Paulo.[66] Segundo os deputados paulistas, o verdadeiro motivo da criação da nova província, por desmembramento da Província de São Paulo, seria o de punir esta última por sua participação na Revolta Liberal de 1842.[66]

Paralelamente, a economia paranaense, a par do comércio de gado, ganhava incremento com a exportação da erva-mate nativa para os mercados do Prata e do Chile.[44] Eram feitas promessas de emancipação, enquanto prosseguiam as representações e a luta no Parlamento.[44] Finalmente, a 28 de agosto de 1853 foi aprovado o projeto de criação da província do Paraná, que teria como capital provisória (que depois seria confirmada) o município de Curitiba.[67]

A 19 de dezembro do mesmo ano chegou à capital Zacarias de Góis e Vasconcelos, primeiro presidente da província, que desde logo se empenhou em tomar medidas destinadas a impulsionar a economia local e conseguir recursos para as ações administrativas que se faziam necessárias.[67] Procurou encaminhar para outras atividades, mormente de lavoura, parte da mão-de-obra e dos capitais que se empregavam no preparo e comércio da erva-mate.[60] O mais lucrativo negócio da província continuava a ser, no entanto, a invernada e a venda de muares para São Paulo.[60] Essa atividade chegou ao ponto mais alto na década de 1860 e só entrou em declínio no final do século.[60]

Durante o período provincial, o governo do Paraná não alcançou a necessária continuidade administrativa, já que a presidência da província, de livre escolha do poder central, teve nada menos de 55 ocupantes em 36 anos.[68] Os liberais paranaenses organizaram-se sob a liderança de Jesuíno Marcondes e seu cunhado Manuel Alves de Araújo, pertencentes à família dos barões de Tibagi e Campos Gerais, na época a mais poderosa oligarquia na região.[60] Os conservadores eram chefiados por Manuel Antônio Guimarães e Manuel Francisco Correia Júnior, de famílias que controlavam o comércio do litoral.[60
A decadência do comércio de muares acarretou crise em toda a sociedade pastoril do Paraná.[60] O grande patrimônio indiviso da família patriarcal, que abrangia vários núcleos familiares, já não podia prover a subsistência de todos.[60] Filhos de fazendeiros emigraram para as cidades, para São Paulo e para o Rio Grande do Sul.[60] Desde o início do século XIX o Paraná vinha recebendo imigrantes, dentro da política de preenchimento dos vazios demográficos.[60] Eram açorianos, alemães,[69] suíços e franceses, mas em pequeno número e sem condições de prosperidade.[60]

Em meados daquele século, embora contasse com uma população de cerca de sessenta mil habitantes, o Paraná continuava, do ponto de vista humano, um deserto irregularmente interrompido por dezenove pequenos oásis situados a distâncias imensas uns dos outros,[60] distâncias literalmente intransponíveis,[60] pois, além dos "caminhos históricos", que dentro em pouco se saberia não serem os "caminhos econômicos", nada havia que se pudesse chamar de rede de comunicações.[60]

Esses dezenove oásis eram representados pelos dois municípios (Curitiba e Paranaguá);[60] pelas sete vilas (Guaratuba, Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Lapa, Castro e Guarapuava);[60] pelas seis freguesias (Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Tibagi e Rio Negro)[60] e pelas quatro capelas curadas (Guaraqueçaba, Iguaçu, Votuverava e Palmas).[60]

Curitiba tinha, na época, seis mil habitantes,[70] e Paranaguá, 6.500.[60] A população das vilas, freguesias e capelas oscilava, em geral, entre mil e cinco mil habitantes, de forma que a densidade efetiva, nos centros urbanos incipientes, era bem maior do que a média estatística (0,3 pessoa por quilômetro quadrado) faria supor.[60] Em compensação, na maior parte do território o vazio era absoluto.[60] Eram os campos gerais, a floresta, e a serra do Mar.[60]

Na segunda metade do século XIX estimulou-se um tipo de colonização orientada para a criação de uma agricultura que suprisse as necessidades de abastecimento.[60] Providências conjuntas dos governos imperial e provincial permitiram o estabelecimento de núcleos coloniais nas proximidades dos centros urbanos, sobretudo no planalto de Curitiba, constituídos de poloneses que se instalaram principalmente na região norte de Curitiba formando bairros como Santa Cândida, Tingui e outros da região,[71] alemães,[71] italianos deram origens a bairros nobres como Santa Felicidade[71] e também a municípios da região metropolitana como São José dos Pinhais e Colombo que foi a maior colônia italiana do Paraná no final do século XIX até o século XX[71] e, em grupos menores, suíços, franceses e ingleses.[71] Esses contingentes de imigrantes imprimiram à fisionomia étnica do Paraná uma notável variedade e em alguns lugares do Paraná, por exemplo, no município de Castro e arredores se fala somente o holandês e em algumas outras regiões do estado se fala somente o alemão, italiano, ucraniano, polonês e até o japonês sem contar as línguas nativas de tribos indígenas.[60]

O número de escravos diminuiu muito, a partir da metade do século, sobretudo em virtude de venda ou arrendamento para outras províncias.[60] Um relatório do presidente do Paraná, em 1867, assinalou que o imposto arrecadado sobre escravos que seguiam para São Paulo "era quase igual ao imposto sobre animais".[72]

A vinda de colonos atendia assim ao problema, agravado pela evasão da mão-de-obra escrava, da escassez e carestia dos produtos agrícolas.[60] Nas últimas décadas do século XIX, a construção de estradas de ferro e linhas telegráficas empregou colonos trazidos por sociedades de imigração.[60] Nesse período e no início do século XX, estabeleceram-se no Paraná mais de quarenta núcleos coloniais.[60]

Desde o manifesto de 1870 ocorreram no Paraná manifestações esporádicas, e sem organicidade, de simpatia pela república.[60] Mesmo depois da fundação dos jornais Livre Paraná, em Paranaguá, e A República, em Curitiba, e da criação de clubes republicanos nos dois municípios, o movimento não chegou a se aprofundar.[60] Alguns paranaenses se destacaram na campanha republicana, mas fora da província.[60][73] Na Assembleia Provincial, contavam os republicanos com um só deputado, Vicente Machado da Silva Lima, eleito pelo Partido Liberal, e que foi figura de projeção nos primeiros anos do novo regime.[74]

O estado sofreu as consequências das várias crises políticas que marcaram os primeiros tempos da república[73] e somente em abril de 1892 viu promulgada sua constituição estadual, que vigorou até a vitória do movimento revolucionário de 1930.[73] Durante a revolução federalista, o Paraná foi palco de renhidos combates, já que em seu território se deu o encontro de tropas federalistas e legalistas. Abandonado o estado pelos federalistas, fez-se o acerto de contas.[75] Os "picapaus" assumiram então o poder e desencadearam a repressão contra os "maragatos". Apesar de eventuais conciliações, tal divisão durou até 1930.[75]

A província do Paraná deveria ter os mesmos limites da antiga comarca, em consequência do que se prolongou até a segunda década do século XX uma complicada questão de fronteiras com Santa Catarina, surgida desde a descoberta e ocupação dos campos de Palmas.[76] Com base na carta régia de 1749, Santa Catarina considerava seu o "sertão" que correspondia à costa, enquanto o Paraná se apoiava no princípio do uti possidetis.[73] Com a república, ambos os estados exerceriam sua competência de distribuir terras num mesmo território.[73]

Por três vezes Santa Catarina obteve ganho de causa no Supremo Tribunal Federal, mas o Paraná embargou as decisões. Nessa área é que se iria travar a campanha do Contestado.[73] Finalmente, em 1916, por decisão arbitral do presidente da república, fez-se a partilha da região em litígio, com o que ficou encerrada a questão.[77]

Em 1920, o Paraná ocupava o 13º lugar em população no Brasil, com cerca de 700 mil habitantes;[78] em 1960, o estado havia passado para o quinto lugar, com mais de 4,2 milhões de habitantes.[78] Esse aumento não se deveu apenas ao crescimento natural,[73] mas a intensas correntes migratórias internas,[73] pelas quais se deslocaram habitantes de outros estados para áreas até então incultas do Paraná.[73]

Desde o final do século XIX, lavradores paulistas e mineiros iniciaram a formação de fazendas de café no norte do estado,[73] rico em terras férteis, de solo conhecido como "terra roxa".[79] A esse tipo de ocupação veio juntar-se a colonização dirigida, tanto oficial como particular.[73] Ocorreram também novas levas de colonos imigrantes, notadamente japoneses, italianos e alemães,[71] e com a experiência de empreendimentos semelhantes na Austrália e na África, em 1924, Lord Lovat visitou o Paraná[80] e três anos depois obteve do governo uma concessão de 500 mil alqueires de terra no norte do estado.[73] Fundou então a Paraná Plantation Ltd. que, ao lado da Companhia de Terras do Norte do Paraná e da Companhia Ferroviária do Norte do Paraná, executou o plano de colonização dessa zona.[73] O eixo da operação foi Londrina, que a partir daí cresceu em ritmo vertiginoso.[73]

Na região dos rios Iguaçu e Paraná, as matas eram há muito exploradas por empresas que comercializavam madeira e mate.[73] Desde a década de 1920 ocorria ali a ocupação espontânea por colonos gaúchos e catarinenses, em geral descendentes de alemães e italianos.[73] Após a revolução de 1930, anuladas numerosas concessões de terras, passou-se, por iniciativa do governo estadual e de particulares, à ocupação organizada, dirigida para a agricultura variada e a criação de animais de pequeno porte.[73]

Deflagrada a revolução em outubro de 1930, já no dia 5 do mesmo mês seus partidários, com apoio de forças militares, apossaram-se do governo estadual paranaense, instalaram um governo provisório e substituíram as autoridades no interior.[81] As finanças públicas estavam em completo desequilíbrio e a economia em crise.[73] Havia ainda a grave questão das terras devolutas do estado.[73] O general Mário Tourinho, primeiro interventor, foi substituído no governo por Manuel Ribas.[82] Este, eleito em 1935, foi confirmado como interventor pelo Estado Novo, em 1937, e permaneceu no cargo até 1945.[82]

Na década de 1960, todas as terras do Paraná já estavam ocupadas,[83] mas, em seu processo de ocupação, a par do colono que comprava um ou mais lotes, surgiu também a figura do "posseiro",[83] que tendia a se instalar no terreno que julgava do estado ou sem dono.[83] Passou a ocorrer também a venda múltipla, a compra do "não dono" e a "grilagem" em grande escala.[83] Assim, a época foi também de conflitos e lutas agrárias, que se prolongaram por toda a segunda metade do século XX, sem qualquer solução duradoura no meio dos avanços da economia e da sociedade.[84
À medida que o governo estadual procurava tornar o Paraná o celeiro agrícola do país e um produtor de madeira capaz de levar a efeito amplos reflorestamentos, os conflitos fundiários não só continuaram como cresceram em intensidade.[84] Centenas de milhares de pequenos proprietários rurais e trabalhadores sem terra encenaram um êxodo rural que provocou um esvaziamento demográfico em mais de cinquenta municípios.[84] Tais emigrantes seguiram principalmente para o Centro-oeste e para a Amazônia, levando consigo sua concepção produtiva.[84]

Enquanto, na agricultura, a soja aumentava em trinta por cento o espaço que ocupava.[84] Também a indústria dava saltos expressivos, como a instalação, em 1976, de uma fábrica de ônibus e caminhões em Curitiba[85] e o início do funcionamento, em 1977, da refinaria Presidente Getúlio Vargas.[86] Realizaram-se ainda nessa época os primeiros grandes melhoramentos que fizeram da capital paranaense um modelo de novas soluções urbanísticas: inaugurou-se a primeira parte das ciclovias da cidade[87] e surgiu o sistema de ônibus expressos.[88]

Aumentaram, no entanto, as disputas de terra, até mesmo em reservas indígenas,[84] assim como denúncias de graves perturbações ambientais causadas pelo crescente número de barragens para construção de usinas hidrelétricas nos rios Iguaçu, Paranapanema, Capivari e Paraná.[84] Em 1980, a colheita de soja atingia o recorde de 2.079 kg por hectare, maior do que a marca norte-americana até então alcançada,[89] enquanto a de trigo colocava o Paraná no primeiro lugar nacional, com 57% da produção de todo o país.[84]

Em 1982, o desaparecimento do salto de Sete Quedas, imposto pela necessidade de formar o imenso reservatório da represa de Itaipu, provocou intenso movimento de protesto.[90] Agravava-se também, ainda em meados da década de 1990, a questão da terra, com atentados e manifestações de trabalhadores sem terra.[84]

O Paraná é um estado capaz de atrair investimentos, posição favorecida pela abertura da economia local em direção ao Mercosul.[91] Com o crescimento demográfico estabilizado nas três últimas décadas, a economia tem-se modernizado e se diversificado tanto no setor agrícola quanto no industrial.[91] Há auto-suficiência energética garantida pela hidrelétrica Itaipu e eficiente pólo exportador em Paranaguá.[91]

O aumento da participação do setor industrial na economia um dos fatores que têm contribuído para a população no estado.[91] Em 1997, três montadoras de automóveis - Renault, Audi e Chrysler - firmaram um acordo para instalar fábricas no Paraná.[91]

Apesar de atrair investimentos, o estado fechou ano de 1997 com um déficit de mais de R$ 1 milhão.[91] Como conseqüência, as obras públicas estavam paralisadas, e o governo, falido, não conseguia honrar seus compromissos.[91] Entre as principais causas da crise estavam a alta dos juros e a redução da arrecadação e o aumento dos salários do funcionalismo público.[91]

O governador do Paraná, Jaime Lerner, sai do PDT e filia-se ao PFL, levando junto o prefeito de Curitiba, Cássio Taniguchi, cinco deputados estaduais e a maior parte dos secretários de governo.[92] Entre os motivos para a saída estaria a falta de apoio do partido em uma possível candidatura do governador à reeleição.[91]

Privatizou o Banco do Estado do Paraná (Banestado), alinhado com a política de privatizações do governo do PSDB, Fernando Henrique Cardoso.[93] Apresentou o projeto de privatização da Companhia Elétrica do Paraná (Copel), o qual foi rejeitado na Assembléia Legislativa do Paraná, devido a pressões populares.[94] Concedeu ao grupo acionista minoritário Dominó, o controle da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar),[95] a qual também estava sendo preparada para privatização.[96]

Criou uma série de Organizações Públicas de Direito Privado como mecanismo de privatizar o serviço público.[96]

Fez contratos suspeitos na área de informática pública, tendo mais de R$ 450 milhões de contratos rompidos pelo governo posterior, sem que houvesse nenhuma ação contra o Estado pelo rompimento de contrato.[96]

Num período de pouco mais de quatro anos, a partir de 1995, o Paraná atrai grandes investimentos.[97] Segundo dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), enquanto o PIB brasileiro encolhe -0,12%, em 1998, o PIB paranaense evolui 2,54% no período, chegando a 58 bilhões de reais,[97] e o PIB industrial do Estado, isoladamente, cresce 4,09%.[97]

Dos estados da Região Sul, o Paraná foi o preferido pelas indústrias automobilísticas que se instalaram no Brasil nos últimos anos.[97] Com a chegada da montadora de carros alemã Audi/Volkswagen, em 1999, a região de São José dos Pinhais, na área metropolitana de Curitiba, se consolida como um dos maiores pólos automobilísticos do país, ao lado do ABC paulista e da cidade mineira de Betim.[98] Desde o ano anterior já funcionavam ali a Chrysler, de origem americana, e a francesa Renault.[97] Com o desenvolvimento de uma malha de fornecedores de autopeças e prestadores de serviços, o pólo automobilístico paranaense mantém cerca de 90 mil empregos.[97]

Os novos empregos trazidos pelo processo de industrialização paranaense ajudam a reverter a tendência de crescimento de favelas em torno de Curitiba.[97] As comunidades carentes da periferia em geral são provenientes do interior do estado, onde o processo de mecanização agrícola dificultou o acesso ao mercado de trabalho para a mão-de-obra desqualificada.[97]

Povoado principalmente por descendentes de alemães, poloneses e italianos, o Paraná conta com um setor agropecuário diversificado com altos índices de produtividade.[97] O cultivo do café, responsável pelo início do processo de desenvolvimento econômico na virada do século, deu lugar à produção de soja, milho, algodão e trigo.[97] O Paraná é o maior produtor brasileiro de soja, com 7,7 milhões de t em 1999, o equivalente a um quarto da safra nacional.[99] A vitivinicultura no Paraná também é um setor que encontra-se em expansão.[97] Atualmente é o quarto maior produtor de uvas no país.[97]

As geadas em julho de 2000 atingem o trigo paranaense em fase de formação dos grãos, o que causa a quebra da safra.[97] Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), o Paraná produzirá 62% do previsto.[97] Essa perda obrigará o país a importar, em 2000, 85% do trigo que consome.[97]

O estado também se destaca na produção de hortigranjeiros,[97] sendo o segundo maior produtor de batata do país.[97] É ainda o segundo em criação de aves,[97] respondendo por mais de 40% de toda a produção brasileira.[96] Tem presença importante na pecuária,[97] com o terceiro maior rebanho suíno do país[97] e 6% do rebanho nacional de gado bovino de corte.[97]

Cumprindo exigências do mercado europeu, em 2003 o governo do Paraná cria uma lei proibindo o plantio, a comercialização e o transporte de sementes geneticamente modificadas.[100] O Supremo Tribunal Federal (STF), porém, julga a lei inconstitucional e libera o plantio de transgênicos. Mas o governo mantém o embargo ao escoamento da produção de transgênicos pelo porto de Paranaguá. Em 2006, uma liminar concedida pela Justiça Federal permite o embarque da soja geneticamente modificada por Paranaguá.[101] Dados da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) revelam que a taxa de sementes transgênicas de soja na safra 2008/2009 é de 44% no estado.[102] Em outubro de 2008, a multinacional suíça Syngenta Seeds doa ao governo do estado a fazenda, no oeste do Paraná,[103] que foi palco de ocupação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Ela deverá ser usada pelo governo como centro experimental de agroecologia.[103]

Nas eleições de 2008, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), é reeleito, com 77,27% dos votos.[104] Em novembro de 2009, o STF suspende a nomeação de Maurício Requião, para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).[105] O STF avaliou como nepotismo.

Amapá.


O Amapá é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado a nordeste da região Norte e tem como limites a Guiana Francesa a norte, o Oceano Atlântico a leste, o Pará a sul e oeste e o Suriname a noroeste. Ocupa uma área de 142.814,585 km². A capital é Macapá. As cidades mais populosas são Macapá, Santana, Laranjal do Jari e Oiapoque. O Amapá é um dos mais novos estados brasileiros e o mais preservados deles - como dizem várias pesquisas -, mesmo com a mineração e a pecuária, as florestas amapaenses continuam sendo preservadas.

O relevo é pouco acidentado, em geral abaixo dos 300 metros de altitude. A planície litorânea se caracteriza pela presença de mangues e lagoas. Amazonas, Jari, Rio Oiapoque, Araguari, Calçoene e Maracá são os rios principais.

O Amapá tem um grande número de imigrantes vindo da Guiana Francesa - a maioria ilegalmente - aproximadamente 500 apenas no Oiapoque, e vários migrantes vindo, principalmente, de: Minas Gerais, Goiás, do Pará (de onde já foi território) e do Nordeste brasileiro.

Atualmente, está sendo construída sobre o Rio Oiapoque a ponte binacional, entre o estado do Amapá e a Guiana Francesa, a obra está localizada a 5 km da cidade de Oiapoque (cidade a 600 km da capital), a obra começou em 13 de Julho de 2009 e tem previsão de término para Dezembro de 2010, o custo da é de, aproximadamente, R$ 60 milhões e gera 500 empregos.

Também está sendo construída a ponte sobre o Rio Vila Nova, que vai ligar Macapá (a capital do estado), Santana (município vizinho) a Mazagão, a obra começou no mês de Maio de 2009 e tem previsão de término para o segundo semestre de 2010. O investimento da ponte gira em torno de R$ 30 milhões e ela terá 420 metros de comprimento. 75% já está concluída, todavia, um acidente que ocorreu em Março deste ano (e que deixou cinco mortos) atrasou as obras.

A origem do nome do estado é controversa. Na língua tupi, o nome "amapá" significa 'o lugar da chuva' :ama (chuva) e paba(lugar, estância, morada). Segundo a tradição, porém, o nome teria vindo do nheengatu - língua geral da Amazônia, uma espécie de dialeto tupi jesuítico - significando "terra que acaba" ou "ilha". Segundo outros, a palavra "amapá" é de origem nuaruaque ou aruaque,[5] pertencente à mais extensa das famílias linguísticas da América do Sul, dos habitantes da região norte do Brasil ao tempo do seu descobrimento - e identificaria uma árvore da família das Apocináceas. A árvore produz um fruto saboroso, em formato de maçã, de cor roxa, que é parte da farmacopeia amazônica. Da casca do tronco dessa árvore, o amapá (Hancornia amapa), típica da região e cujo desenho está no brasão do Estado do Amapá, é extraído o látex (chamado leite de amapá) usado na medicina popular como fortificante, estimulante do apetite e também no tratamento de doenças respiratórias e gastrite. Popularmente conhecida como "amapazeiro", a espécia encontra-se ameaçada, dada a sua exploração predatória para extração da seiva.

A costa do Amapá foi descoberta e reconhecida pelo espanhol Vicente Yañez Pinzón. Com quatro caravelas, Pinzón atingiu em 26 de janeiro de 1500 um cabo do litoral brasileiro que foi identificado como cabo de Santo Agostinho (Pernambuco). Prosseguindo para o norte, passou pela foz do Amazonas e chegou à boca de um outro grande curso d'água, daí por diante conhecido como rio de Vicente Pinzón. Sua identificação com Oiapoque daria ao Brasil ganho de causa na questão dos limites com a Guiana Francesa (1897).

Tratado de Tordesilhas, firmado entre Portugal e Espanha em 1494, pusera toda a costa atlântica ao norte da foz do Amazonas sob jurisdição espanhola. A região do Amapá, entretanto, só viria a ser explorada em conjunto pelos dois países de 1580 a 1640, período em que Portugal foi governado por reis da Espanha. Também franceses, ingleses e neerlandeses se interessaram pelo território, conhecido na época por Costa do Cabo do Norte. Dele se extraíam madeira, resinas, frutos corantes, como o urucum, e óleos vegetais, além dos produtos de pesca, como o peixe-boi, guarabá ou manatim, que eram salgados e exportados para a Europa. Uma companhia inglesa, de Londres, e uma holandesa, de Flessing, foram fundadas para explorar essas riquezas. Deu-se início também à plantação de fumo e cana-de-açúcar, ao fabrico de açúcar e aguardente, e à criação de gado.

Os portugueses, que a esse tempo iniciavam a penetração na Amazônia, inquietavam-se com a competição estrangeira. Em 1637, Bento Maciel Parente obteve de Filipe II a concessão de todo o Cabo do Norte como capitania hereditária, a exemplo das que Dom João III criara cem anos antes. Seu título foi reconhecido, depois da restauração, por Dom João IV, mas nem por isso cessaram as incursões estrangeiras, sobretudo de franceses, que baseavam suas pretensões em cartas-patentes de 1605 com que o rei Henrique IV fizera Daniel de la Touche, sire de La Ravardière, seu lugar-tenente nas regiões da América "desde o rio das Amazonas até a ilha da Trindade". Em 1694, o marquês de Ferrolles, governador de Caiena, pretendeu que a fronteira passasse por uma imaginária "ilha Oiapoque", na própria foz do Amazonas. Em 1697, houve uma invasão armada. Tais lutas e desinteligências levaram a negociações (1698) e a um tratado provisório (1700), que neutralizava a área contestada até a conclusão de um acordo final. Confirmado pela aliança de 1701 entre Portugal e França (1713-1715), em que Portugal tomou o partido de Inglaterra, Áustria e Países Baixos contra Luís XIV.

O primeiro Tratado de Utrecht (1713) dispôs que o limite entre as possessões francesas e portuguesas no norte do Brasil seria o rio Oiapoque ou de Vicente Pinzón; consagrou a desistência francesa "a qualquer uso" do rio Amazonas; e garantiu a Portugal a posse exclusiva das duas margens. A partir dessa data o esforço diplomático francês foi dirigido no sentido de provar que o rio Oiapoque não era o rio de Pinzón e a sugerir rios alternativos, mais para o sul: o Cassiporé (Caciporé), o Calçoene, o Cunani, o Carapapóris, o Araguari, um braço do Amazonas junto à ilha de Marajó.

Alguns desses falsos limites foram consagrados por instrumentos internacionais. Um tratado de 1797 pôs a fronteira da Guiana no Calçoene, mas não foi ratificado por Portugal. O Tratado de Badajoz (1801) adotou o rio Araguari. O Tratado de Madrid (1801), o rio Carapanatuba. Foram anulados pelo manifesto do príncipe regente (1808) e pelo artigo adicional n.º 3 ao Tratado de Paris (1814). O Tratado de Amiens (1802), celebrado por França, Espanha, Reino Unido e Países Baixos, reconheceu, igualmente, a fronteira no Araguari. Não teve, contudo, a adesão de Portugal.

Entrementes, os portugueses prosseguiam com a obra de desbravamento das terras e catequese dos índios. Fundaram-se missões franciscanas e jesuíticas. O marquês de Pombal, que muito se ocupou da Amazônia e teria pensado em transferir a capital do reino de Lisboa para Belém, ordenou a construção (1764) da maior fortaleza da colônia em Macapá, um dos principais núcleos da colonização juntamente com Nova Mazagão. Para Macapá foram levados colonos açorianos; para Nova Mazagão, 340 famílias de Mazagão, na costa do Marrocos. O esforço civilizador era então oficial. A capitania se extinguira, por morte do donatário, e revertera à coroa. Foi criado um comando militar para o território, com sede em Macapá, que já contava quase três mil habitantes (ganharia foros de cidade em 1856; Mazagão, em 1889).

A ocupação de Portugal por Junot (1808) levou à trasladação da corte e a represálias contra os franceses no norte do Brasil. A Guiana foi ocupada por um corpo de vanguarda de voluntários paraenses, apoiados por uma pequena força naval, e governada durante oito anos pelo desembargador João Severiano Maciel da Costa, futuro marquês de Queluz. O Tratado de Paris (1814) ordenou a restituição da Guiana à França com as fronteiras de 1792, isto é, no Carapapóris. Portugal não ratificou essa decisão. O ato final do Congresso de Viena (1815) reconheceu a antiga fronteira de Utrecht. Por uma convenção celebrada em Paris (1817), Portugal comprometeu-se a efetuar a devolução em três meses, o que foi feito. Concordou também em que se formasse uma comissão mista para demarcar a fronteira. Tal comissão, porém, jamais se reuniu.

Durante a Cabanagem, que conflagrou por cinco anos (1835-1840) a província do Grão-Pará, o território se opôs aos rebeldes e sofreu depredações. Seus rebanhos foram dizimados. Constituíam, já, riqueza apreciável. Essa prosperidade e a ocorrência de ouro no Calçoene reavivaram a velha ambição francesa.

Em 1836, os franceses estabeleceram um efêmero posto militar na margem do lago Amapá, abandonado graças à intervenção britânica. Em 1841, Brasil e França concordaram em neutralizar o Amapá até a solução da pendência. No entanto, todas as conversações posteriores (1842, 1844, 1855, 1857) fracassaram. Só vingou uma declaração de 1862 sobre a competência comum para julgar os criminosos do território.

Em 1853, o senador Cândido Mendes de Almeida propôs a criação da província de Oiapóquia. As populações locais também pleitearam a medida em sucessivos memoriais (1859, 1870), sempre sem resultado. Em 1886 uma república francesa independente foi criada na região do Cunani, entre o Cassiporé e o Calçoene. Para seu presidente, elegeu-se o aventureiro Jules Gros, que instalou o governo em seu apartamento em Paris, nomeou o ministério e criou uma ordem honorífica, a Estrela do Cunani, que lhe deu grandes lucros. O próprio governo francês encarregou-se, em 1887, de liquidar essa república, que ressurgiria por breve período em 1901 com o nome de Estado Livre de Cunani, sob a chefia de outro aventureiro, Adolphe Brezet, que também se intitulava duque de Brezet e de Beaufort e visconde de São João.

Com a Proclamação da República no Brasil a situação na região fronteiriça ficou caótica. Seus habitantes elegeram, então, um triunvirato governativo (1894): Francisco Xavier da Veiga Cabral, chamado o Cabralzinho, cônego Domingos Maltês e Desidério Antônio Coelho. Os franceses nomearam capitão-governador do Amapá o preto velho Trajano, cuja prisão provocou a intervenção militar da Guiana. A canhoneira Bengali, sob o comando do capitão Lunier, desembarcou um contingente de 300 homens e houve luta. Lunier foi morto com 33 dos seus. França e Brasil assinaram um tratado de arbitragem (1897).

O barão do Rio Branco, vitorioso dois anos antes na questão de limites com a Argentina, foi encarregado (1898) de defender a posição brasileira perante o conselho federal suíço, escolhido como tribunal arbitral. Em 5 de abril de 1899, Rio Branco entregou sua Memória apresentada pelos Estados Unidos do Brasil à Confederação Suíça, e em 6 de dezembro do mesmo ano uma segunda memória, em resposta aos argumentos franceses. Como anexo, apresentou o trabalho de Joaquim Caetano da Silva O Oiapoque e o Amazonas, de 1861, em que se louvara e que constituía valioso subsídio ao estudo da matéria. Reunidos, os documentos formavam cinco volumes e incluíam um atlas com 86 mapas. A sentença, de 1º de dezembro de 1900, redigida pelo conselheiro federal coronel Edouard Müller, deu a vitória ao Brasil, que incorporou a seu território 260.000km2.
O desenvolvimento do Amapá na primeira metade do século XX foi lento. Em 1943, pelo decreto-lei 5.814, de 13 de setembro, o governo federal criou o Território Federal do Amapá. Em 1945, quando se procedeu à nova divisão territorial, a parte do Amapá ao norte do rio Cassiporé passou a constituir o município do Oiapoque, e, em dezembro de 1957, foi mais uma vez desmembrada, para a criação do município de Calçoene, com a cessão de terras ao norte do rio Amapá Grande.

A transformação do território federal em estado foi decidida pela Assembleia Nacional Constituinte em 1988, e em 1º de janeiro de 1991 foi instalado o estado do Amapá, com a posse dos 24 membros da primeira Assembleia Legislativa. Em 1997, na esteira da crise da emissão de precatórios em vários estados, foi liquidado o Banco do Estado do Amapá.