quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Vaquejada


É a mais tradicional festa do Ciclo do Gado nordestino. Tem suas origens nas práticas arrojadas do campeio. A vaquejada é realizada em locais apropriados, denominados “Parque de Vaquejada” e reúne um grande número de espectadores que torcem pela vitória de seus vaqueiros preferidos.

A vaquejada consiste na derrubada do boi ou novilho em disparada, pelo vaqueiro montado em seu cavalo que corre no encalço do novilho para segurar-lhe o rabo manejando a queda da presa. As pelejas acontecem em meio a diversas festividades populares, atraindo um grande público nas localidades onde se realizam.

Repentistas


Chamados também de “violeiros”, os “repentistas” são figuras típicas do folclore, respeitadas e admiradas pela habilidade com que compõem versos de improviso.

Os violeiros apresentam-se individualmente ou em pares, tocando suas violas e cantando o “repente”. Nos festivais de repentistas ocorrem as pelejas e desafios entre os violeiros mais hábeis.

Rodas de São Gonçalo


As Rodas de São Gonçalo do Amarante ou “Dança de São Gonçalo” acontecem durante a Festa de Nossa Senhora do Rosário. Participam desta dança as moças “casadouras” da cidade, que em pares e vestidas de branco empurram um arco ornamentado de flores e fitas. Após a missa matinal, as moças saem da igreja pelas ruas em cortejo, cantando loas ao santo casamenteiro, acompanhadas de músicos tocando violas, rabecas, violões e pandeiros. A dança se estende pela noite, em frente às igrejas ornamentadas com arcos e flores iluminados por velas acesas.

Há variações nos grupos folclóricos nos estados de Alagoas, Bahia e Sergipe. Em Alagoas, onde ultimamente não se tem notícia da realização do evento, a dança incorpora elementos litúrgicos. Em Pernambuco, as moças vestem-se de saias azuis e blusas brancas. Na Bahia, a indumentária é livre. Em Sergipe, a tradição tem a referência a um padre português. O grupo é conduzido por um mestre que toca a “meia-cuia” e dois guias. A dança é executada em nove rodas, divididas em treze partes, apresentando coreografias diferenciadas. A indumentária é livre.

Quadrilha


Folguedo característico do período de festas juninas. A dança é uma representação popular dos luxuosos bailes de casamento da aristocracia européia. Dança-se em pares formando duas alas. O primeiro par de cada ala representa o guia, o que deve conduzir os demais. Enquanto isso, o marcador da quadrilha vai anunciando os passos numa terminologia peculiar, de origem francesa: “anarriê”, “alavantu”, etc...

Antes de iniciar a dança, faz-se a simulação de um “casamento matuto”, onde o casal, acompanhado dos pais, do padre, do juiz, dos padrinhos e de um delegado. Durante a “cerimônia” ocorrem muitas brincadeiras e ditos jocosos de sabor popular.

Mamulengos


De inspiração no catolicismo alegórico da Idade Média, o Mamulengo originou-se da tentativa de conferir animação aos bonecos que representavam os personagens dos presépios. Dos pátios das igrejas, transfere-se para as praças públicas. Os bonecos, confeccionados em madeira e tecido, passam a representar os fidalgos e a classe dominante. O Mamulengo é um teatrinho que se apresenta nas festas populares da zona rural ou urbana.

No Nordeste, curiosamente, a quase totalidade dos personagens é composta por negros, à exceção de Mané Redondo, que é branco e representa sempre o papel de vilão nas estórias. O eterno herói é Negro Benedito, com seu código de honra e as boas ações. As peças apresentadas, embora obedeçam a um roteiro, são quase sempre improvisadas e acompanham a reação do público espectador.

Caboclinhos


É um dos mais antigos bailados populares do Brasil, evidenciado por sua origem de influência indígena. Seus componentes trajam tangas, enfeites e cocares de penas de aves, portando arco e flecha, utilizados para a marcação do ritmo da dança. São acompanhados por um “terno”, grupos de músicos, ao som dos pífanos e instrumentos de percussão: ganzá e caixa-surdo.

Os caboclinhos são um dos componentes folclóricos mais importantes do carnaval nordestino. Sua coreografia bizarra e seus ritmos peculiares representam os ciclos da vivência indígena: a caçada, a colheita, as batalhas e as vitórias do seu povo.

Congada


É um auto de origem africana que representa a coroação dos reis do Congo, adaptada aos moldes da monarquia portuguesa. A Congada desenvolve um enredo curioso e muito complexo, intimamente ligado a elementos do totemismo. Os personagens mais significativos são o rei, a rainha, o príncipe e o feiticeiro. Em torno desses personagens agrupam-se princesas, damas de honra, capitães, capatazes e guerreiros.

Através de cantos e danças, acompanhados por pandeiros, ganzás, agogôs, tamborins, marimbas e pianos de cuia, é contada a história do congo, seus feitos soberbos, embaixadas e lutas. A congada é também conhecida como “Coração do Rei do Congo”.

Frevo


Frevo é um ritmo típico do carnaval pernambucano e sofreu influência musical do maxixe, da polca, do dobrado, do pastoril e da modinha. Dessa mistura surgiu uma música explosiva onde os metais são os instrumentos principais. As composições têm nomes como Furacão, Metralhadora Pesada, Madeira que Cupim Não Rói, Segura Essa Brasa, Arreliado, etc...

Com o frevo dança-se o “passo”, onde a regra é o livre arbítrio e suas figurações marcam coreografias que exigem verdadeiros malabarismo dos passistas. Alguns passos têm nomes apropriados como “dobradiça”, “parafuso”, “saca-rolha”. Muitas agremiações, algumas centenárias, percorrem as ruas pernambucanas transformando o carnaval de Pernambuco em um grande espetáculo mundial.

Forró


O Forró tem suas raízes fincadas no Nordeste. Não se sabe ao certo quando, como e onde ele apareceu. Alguns autores defendem a idéia de que a palavra “forró” deriva-se da expressão “For All”, escrita pelos ingleses nas portas dos bailes e que significa “para todos”. Esses bailes aconteciam em Pernambuco, no início do século XVIII, na época da construção das ferrovias e a frase significava que todos podiam entrar e participar das festas que tinham ritmos parecidos com o forró de hoje em dia.

Outros acreditam que a palavra “forró” se origina dos bailes aos quais o povo costumava chamar de “Forrobodó”, expressão que em dialeto africano significa festa, bagunça, e que, com o tempo, acabou chamando-se simplesmente Forró.

Bandas de Pífano


As Bandas de Pífano são encontradas principalmente nas cidades ribeirinhas do São Francisco e se apresentam nas festividades religiosas e populares. Na região do Baixo São Francisco é presença marcante nas festas do Bom Jesus dos Navegantes. São formadas por flautistas “tocadores de pífano”, acompanhados por instrumentos de percussão: zabumba e caixa.

O pífano é um flautim tosco, confeccionado em madeira ou metal, cuja origem remonta à antiga Roma. Suas músicas, compostas de memória pelos mestres, denotam em suas melodias espontâneas, singeleza e harmonia, um misto de emoção e espiritualidade.

Cangaceiros


Grupo folclórico de representação dos costumes e práticas dos bandos de cangaceiros que viveram no Sertão nordestino durante o chamado “Ciclo do Cangaço”. Lampião e Maria Bonita são os principais personagens.

Trajam roupas da época, chapéus de couro, alpercatas. Apresentam coreografias que representam as escaramuças dos cangaceiros com as volantes policiais. O grupo é acompanhado por bandas de pífano e dançam xaxado e baião.

Ciranda


A Ciranda é uma dança popular que surgiu no litoral do Nordeste. É uma mistura de canto e dança onde se reúnem homens e mulheres, crianças e adultos de pés descalços. Formam uma roda ondulante que se entrelaça em movimentos marcados pela batida do bombo ou zabumba e vai rodando em ritmo cadenciado, marcando os passos à semelhança do balanço das ondas do mar. Um Mestre Cirandeiro é encarregado de “tirar as cantigas”, improvisar versos e presidir a festa.

Dança do Coco


O Coco de Rodas é originário do litoral nordestino. A dança é formada por um círculo onde os pares sapateiam, pisoteando forte e cadenciado ao ritmo ditado pelo “tirador”, acompanhado de um ganzá. Os pares se permutam trocando umbigadas, dançando tomados pelo vigor e resistência, muitas vezes até o amanhecer. Também é conhecido com Roda de Samba do Coco.

Pastoril


Auto popular para homenagear o nascimento de Jesus. As pastoras, moças vestidas de azul e encarnado, forma duas fileiras ou cordões separados pela Diana, que é vestida metade azul e metade encarnado. O cordão encarnado é puxado pela Mestra, o cordão azul pela Contramestra, que tocam pandeiros e maracás e cantam músicas louvando o nascimento de Jesus.

Antigamente, o Pastoril era acompanhado por uma orquestrinha de pistão, clarinete, trombone, bombardino e bombo. Apresentam-se em tablados rústicos enfeitados com cordões de bandeirolas recortadas em papel colorido. Nessa representação o forte é a participação do público que manifesta sua preferência pelo cordão azul ou encarnado

Chegança ou Marujada


É um bailado popular composto de páginas dos feitos náuticos lusitanos, no qual se apresenta, em forma de auto popular, a conversão do infiel à religião católica romana. Os personagens da Chegança, homens simples caracterizados de marinheiros, capitaneados pelo velho pescador Manoel Inácio, entoam hinos e glosas populares de sabor luso, ao som de pandeiros e castanholas.

Esse auto popular em seu lado profano e satírico, representado pelo exibicionismo dos personagens jocosos, envolvendo a platéia presente em seus folguedos e brincadeiras.

Cavalhada


Folguedo popular inspirado nas lutas de cristãos contra os mouros. Teve início na Península Ibérica e chegou ao Nordeste brasileiro através dos colonizadores portugueses.

A Cavalhada é composta por doze cavaleiros, divididos em duas equipes, diferenciadas pelas cores vermelho e azul que ostentam nas lanças, chapéus e lenços, bem como nos cavalos. Os grupos de cavaleiros desfilam com pomba até o local da disputa.

Perfilados a cerca de 200 metros dos mastros que sustentam uma argola suspensa no ar, os corredores iniciam a disputa: lança empunhada, o cavaleiro parte em disparada na tentativa de retirar a argola. Os acertos são saudados com aplausos. Durante a apresentação, os cavaleiros amarram uma fita colorida na ponta da espada e escolhem alguns dos presentes para oferecê-las em troca de gorjetas.

Reisado


Ato popular-profano-religioso, formado por grupos de músicos, cantores e dançarinos que percorrem as ruas batendo de porta em porta para anunciar a chegada do Messias e pedir donativos. É representado no período de 24 de dezembro a 6 de janeiro em louvor dos três Reis Magos. Vestem-se com saiotes de cetim colorido e adornado com galões dourados e prateados, chapéus de abas largas enfeitados com pedaços d espelho, flores artificiais e fitas de cores variadas.

Alguns dos personagens portam espadas prateadas. Existem muitas variações de Reisado, como os “Guerreiros”, as “Folias do Rei”, o “Boi de Reis”. Os cânticos são acompanhados de sanfona, pandeiro, viola ou rabeca. São personagens o Rei, a Rainha, o Mestre ou Secretário de Sala, Contra-Mestre e Palhaços. Algumas apresentações incluem a “Farsa do Boi”, onde é simulada a matança e ressurreição do boi. Durante as apresentações, os dançarinos entregam presentes como lenços, espadas e chapéus, para depois recolheres com gorjetas.

Bacamarteiros


De origem e tradição sertaneja, os Bacamarteiros, em apresentação simbólica, evocam e representam as guerras acontecidas no passado. Os grupos são formados por atiradores de bacamarte e divididos em “tropas” sob o comando do “Sargento” e, acompanhados por zabumbas e bandas de pífano realizam coreografias, detonando grandes cargas de pólvora seca em homenagem aos santos padroeiros.

Os Bacamarteiros usam trajes típicos, roupas de zuarte, chapéus de couro, alpercartas e cartucheiras de flandre e fabricam suas próprias armas e a pólvora usada nas apresentações. Nos efeitos mágicos dos estampidos dos bacamartes reafirma os seus grandes feitos heróicos em refregas e escaramuças de antigas guerras.

História do vale do São Francisco


O navegador Américo Vespúcio chegou à foz de um enorme rio que desaguava no mar em 04 de outubro de 1501, dia de São Francisco, santo em cuja homenagem os navegadores europeus batizaram o rio. Opará, que significa “rio-mar” era o nome antigo utilizado para identificar àquelas águas por diversas nações indígenas que habitavam aquela região.

Duas décadas depois de seu descobrimento, em 1522, o primeiro donatário da capitania de Pernambuco, o português Duarte Coelho, funda a cidade de Penedo, em Alagoas. Com a autorização da coroa portuguesa, em 1543 começa a criação de gado na região, atividade econômica que marca a história do vale do São Francisco que chegou a ser chamado de “ Rio-dos-Currais”. Estes foram os primeiros passos para o início da colonização.

Mesmo assim, a exploração estava limitada ao litoral, principalmente por causa das tribos indígenas que defendiam seus territórios no interior. Os Pankararu, Atikum, Kimbiwa, Truka, Kiriri, Tuxa e Pankarare, são alguns dos remanescentes atuais das populações que originalmente ocupavam o local.

Em 1553, o rei D. João III, ordenou ao Governador Geral Tomé de Souza a exploração das margens interiores do rio. A organização da empreitada ficou a cargo de Bruza Espinosa, que teve em seu lado o Padre Aspilcueta Navarro para formar a primeira companhia de penetração. O roteiro dessa viagem e uma carta do Padre Navarro são os primeiros documentos descritivos sobre o São Francisco.

A partir daí, as águas do rio foram navegadas por dúzias de expedicionários que, aos poucos, consolidaram o domínio sobre a exploração do São Francisco. A ocupação, entretanto, ocorreu principalmente através das sesmarias, tendo sido o São Francisco ocupado parte pela Casa da Torre de Garcia d´Ávila e parte pela Casa da Ponte, de Antônio Guedes de Brito. O primeiro, Garcia d´Ávila, apossa-se das terras em 1573, sendo mais de 70 léguas entre o Rio São Francisco e o Parnaíba no Piauí.

Os holandeses invadiram o povoado de Penedo, em 1637, por causa de sua localização estratégica na foz do rio, onde construíram forte em homenagem a Maurício de Nassau. O domínio holandês permaneceu até 1645, quando os portugueses retomaram a região.

O Alto São Francisco só foi colonizado a partir da descoberta do ouro, ao término do século XVII e no começo do século XVIII. Descoberto o ouro em 1698, no sítio onde se ergue hoje Ouro Preto, o Alto São Francisco se desenvolveu em consequência da prosperidade mineira, que se expandia. Muitos paulistas se fixaram no alto São Francisco, fundando cidades que hoje têm seus nomes. A descoberta de ouro em Goiás, por volta de 1720, intensificou o povoamento.

Fontes: CODEVASF, Rota Brasil Oeste, Ministério da Integração Nacional e CHESF

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Silêncio e escuridão: a ditadura militar no Brasil


Quando as coisas começam a conjurar destinos perigosos, as forças conservadores sempre entram em ação. Foi assim há 44 anos atrás, no Brasil.

No dia 31 de março de 1964, foi dado o Golpe Militar que instaurou uma ditadura de 20 anos, que sufocou qualquer tipo de manifestação social de esquerda. Há muito silêncio sobre o tema, mas também muitos interessados nesse saber. Todo dia é dia, mas, acredito que hoje seja um dia ainda mais importante para pensarmos sobre esse período nebuloso de nossa história recente.

O clima era tenso na época, e se difundia a idéia maniqueísta da luta entre o bem e o mal. Quem era o “bem” e quem era o “mal” era uma questão de perspectiva. O bloco capitalista (liderado pelos EUA) e o bloco socialista (liderado pela URSS) estavam em plena batalha silenciosa e surda, nos sotãos da diplomacia internacional: era a chamada Guerra Fria.

O poder era disputado passo a passo, território a território. Em 1959, em Cuba, a revolução castrista ganhava rumos e se encaminhava para a adesão ao socialismo, ampliando as forças da URSS, e sua influência decisiva na América Latina. E o Brasil, que destino estaria reservado para nós?

Após a renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, quem assume é o seu vice, João Goulart (Jango). Alinhado aos comunistas, ele representava uma proximidade do Brasil com o bloco socialista.

Enquanto alguns grupos de movimentos sociais, de trabalhadores, estudantes e intelectuais, equipavam-se de saberes da teoria marxista e se voltavam para um pretenso socialismo, forças conservadoras ligadas à Igreja Católica (como a TFP) e aos partidos reacionários (a UDN e o PSD) acirravam os ânimos de uma disputa surda pelo poder.




Em todos os níveis o poder era o centro das atenções: nas esferas da diplomacia internacional, nos meandros da política nacional e estadual, assim como nos movimentos sociais, tanto da esquerda quanto da direita, revolucionários e reacionários.

Em Pernambuco, a tensão era grande: eleito governador do Estado, Miguel Arraes, que era já há tempos alinhado aos movimentos rurais, como as Ligas Camponesas, certamente causava o pânico nas forças conservadoras e capitalistas, nos latifundiários e mesmo nos agentes políticos e militares norte-americanos.
O nordeste agrário certamente era um território estratégico nessa luta. Movimentos de trabalhadores rurais eram ‘amparados’ nas políticas públicas e nas intenções ideológicas de Arraes. Este, por sua vez, alinhado, de certa maneira, ao então presidente Jango.

Os rumos conjurados eram óbvios: um percurso socialista.

Temendo uma revolução de esquerda no país, as forças reacionárias alinhavam-se aos militares brasileiros, na busca de evitar o ‘mal do comunismo’.

Após deposto o presidente do Brasil (que se exilou no Uruguai), as tropas militares cercaram o Palácio do Campo das Princesas, em Recife. Recusando-se a renunciar, Arraes foi deposto, e levado para o 14º Regimento de Infantaria (o chamado “quatorze”), em seguida, para Fernando de Noronha.




Estava dado o Golpe. O Brasil mergulhava na escuridão de um regime autoritário, que cercearia as liberdades civis e de manifestações de pensamentos contrários ao regime.

A repressão nos dias de chumbo foi intensa: torturas, mortes, guerrilhas, atentados, terror. Amparado no silêncio dos meios de comunicação (que, quando não eram ‘forçados’ pelos Militares, faziam a defesa do regime de bom grado).

O curisoso foi também o ‘silêncio’ da OAB, que só viria se manifestar de peito aberto, de fato, contra o regime militar, em 1977, após a posse de Raymundo Faoro (autor do clássico ‘Os Donos do Poder’), como presidente da Ordem. Alguns religiosos vinculados à Igreja se colocavam contra o regime, como alguns teólogos e padres vinculados à Teologia da Libertação.

A adesão da classe média, de setores da Igreja Católica, o silêncio da mídia (forçado ou não) e da OAB, o apoio das juntas militares norte-americanas, as ações políticas dos presidentes militares, tudo isso colaborou, à sua maneira, para o derretimento de qualquer gesto ou pensamento anti-regime-militar ou esquerdista.

Ainda no anseio de implodir o regime militar, uma série de guerrilhas (como a Guerrilha do Araguaia) eclodiu nos interiores do País, resultando em milhares de mortes obscuras. O assassinato de estudantes, tortura de jornalistas, intelectuais e artistas marcaram esse passado recente e amordaçado da história do Brasil.

Muitos dos ditos ‘bastiões’ da democracia brasileira hoje em dia, aderiram ou ficaram calados durante todo o regime. Outros se apoiaram de fato no regime para se alavancarem.

E, muita verdade ainda para vir à tona. Essa História está muito mal contada, em seus detalhes, nos ‘nomes’ de quem estava por trás das torturas e massacres, e, nós, historiadores, cientistas sociais e jornalistas esperamos ávidos pelo Saber, pelo dia em que, enfim, a abertura irrestrita dos documentos oficiais deste período se tornará um fato. Não são poucas as reivindicações pela abertura dos arquivos da ditadura.

Há muito o que ser esclarecido…

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Breve nota: ao longo do texto, coloquei uma série de links que levarão o leitor a outros textos que complementam o meu, podendo estes não estarem em pleno acordo com minhas idéias expostas ao longo da matéria. O objetivo de tantos links foi apenas o de ampliar os horizontes de conhecimentos dos leitores.

BRINCADEIRAS DE RODA


Pode parecer curioso falar-se em Brincadeiras-de-roda nos dias de hoje. Em tempos, em que estas manifestações da cultura popular espontânea estão com o seu espaço tão esquecido e diminuído. Nas ruas, nas praças, nos quintais está mais raro de se ver ou ouvir-se das bocas infantis aquelas canções que, na simplicidade das suas melodias ritmos e palavras, guardam séculos de sabedoria ancestral e a riqueza condensada do imaginário popular, em que se trabalha as questões da circularidade e do corpo.

As brincadeiras de roda têm origem na ancestralidade africana. A brincadeira de roda, um manifestação popular de caráter infantil, é o resgate de um instrumento valioso para se trabalhar com “regras” lúdicas, ressaltando a importância de todos as seguirem para que se possa brincar. É fundamental entender que no trabalho coletivo as regras devem ser respeitadas por todos, pois se alguém quebrá-las prejudicará o trabalho do grupo inteiro.

Muitas vezes através da brincadeira fica mais fácil para a criança entender e até participar da elaboração de regras de convivência, aprendendo a se respeitar, percebendo sua importância para o funcionamento do grupo e respeitar o outro, superando o individualismo e a competitividade através do trabalho coletivo e solidário.

“As cantigas de roda prevaleceram nos nossos brinquedos quando, ainda pequenos, os irmãos, os primos e os amigos da vizinhança, eram os companheiros de todo dia. Cantar essas canções hoje é mergulhar no passado, com toda a carga afetiva do seu tempo por que a música se encarrega de situar nosso sonho e contextualizar nossas lembranças.

“Fazer permanecer as mesmas canções significa sedimentar pelo simbólico os sentimentos de uma geração a outra. É tornar comum as emoções, socializar costumes e nacionalizar sentimentos. É manter o elo, compartilhar significados e não perder um tempo de sonhos. É, principalmente, comprometer-se em assegurar um repertório do qual se possa lançar mão, quando na vida precisarmos legitimar nossas lembranças para fortalecer nossas esperanças”.

Elas continuam contendo símbolos como pretextos maravilhosos para a criança experimentar o seu corpo, a linguagem, a aproximação e para descobrir-se a si própria ao mesmo tempo, se revelando ao outro e inserindo-se no convívio social. Trata-se de um movimento de entrega, de alegria e de intensidade vital.

No folclore brasileiro muitas são as brincadeiras de roda, ciranda-cirandinha, lenço atrás etc. De mãos dadas ou não, caminhando em círculos ou paradas, as crianças são ensinadas a unirem suas energias em benefício de outros. Mais tarde no tempo, algumas dessas crianças colocam em prática esses ensinamentos sagrados e irradiam felicidade, paz, força e amor à humanidade.

Instrutor do Senac lança livro


Que tal encarar o desafio de transformar a sua vida? É o que propõe o livro D.N.A da Felicidade. “Quem ler, vai encontrar muitas dicas para mudar de vida, é desafiante”, afirma o autor e instrutor do Senac Alagoas, Ricardo Ourives. Entre os temas abordados, estão desde o conceito de felicidade a orientações sobre como transformar problemas em oportunidade de mostrar talento e, ainda, identificar as diferenças entre pessoas comuns e outras de sucesso.


Instrutor do Senac há 3 anos, Ourives fez sua incursão pelo mundo das letras com outra publicação: Exame da Ordem sem Stress. Paulista e formado em Direito, Ourives sempre trabalhou na área comercial e adora atuar nos segmentos de motivação, gestão da força de vendas e de pessoas. “Nas palestras, eu percebia que as pessoas se interessavam cada vez mais pelas minhas mensagens e foi esse feedback que me motivou a escrever”, explica.


Nos cursos que ministra no Senac na área de Gestão, o instrutor ensina mais do que técnicas de vendas. Ele motiva e mostra a importância do comprometimento e da paixão pelo trabalho, o que faz toda a diferença nos resultados alcançados e também claro, na qualidade de vida do profissional. O livro D.N.A da Felicidade vai ser lançado no próximo dia 27 (quinta-feira), às 19h, no auditório do Senac Poço, onde também será proferida a palestra “O Sucesso depende de Você”. A entrada é 1 kg de Alimento não perecível.

FMAC lança calendário de folguedos


Uma justa homenagem foi feita pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) aos mestres da cultura popular. Foi lançado um calendário 2011 destacando os folguedos: afoxé, bumba meu boi, pagode da Mestra Hilda, toré, fandango, quadrilha, coco de roda, guerreiro, baianas, maracutu, quilombo e pastoril. Cada mês destaca um folguedo, em que acompanha ilustração fotográfica e um breve texto histórico voltados a essas expressões populares.


De acordo com a presidente da FMAC, Guiomar Omena, essa motivação teve como objetivo de mostrar toda a diversidade artística que contempla a cidade. “Dessa forma, o prefeito Cícero Almeida entrega à população e aos mestres esta homenagem. Temos a satisfação de consolidar e divulgar a arte dos nossos mestres”, ressaltou.


O calendário, que faz parte do “Projeto Abaetetuba” – lugar de gente feliz, intitulado “Uma odisseia pela cultura alagoana, na observação do olhar atento de uma criança”, conta o legado de cada folguedo, induzindo a continuação da arte através das novas gerações.


Para a confecção do material, além da equipe da FMAC esteve envolvido o fotógrafo publicitário Gustavo Boroni, responsável pela produção fotográfica, seguindo um verdadeiro roteiro cinematográfico por locais históricos e paisagens da capital alagoana, cenários perfeitos para a realização das fotos ilustrativas. A participação de alguns mestres, em que cada um trouxe pessoas integrantes dos grupos folclóricos, foi fundamental para o sucesso do calendário. A distribuição está sendo feita a diversos públicos.


Ainda na perspectiva do Projeto Abaetetuba, outras ações deverão surgir ainda este ano, a exemplo do lançamento de um catálogo com maior amplitude sobre a cultura local de raízes.